Aos 28 anos, Jodie Graves tem uma vida absolutamente normal. Está casada há quatro anos e pensa ter filhos. Só não tem metade do cérebro.

Aos três anos, foi diagnosticada com uma doença rara, a Encefalite de Rasmussen, caracterizada por uma inflamação crónica num dos lados do encéfalo, uma das estruturas cerebrais. Na altura, os médicos recomendaram retirar parte do cérebro e a sugestão surpreendeu a família, que acabou por consentir a cirurgia embora com ceticismo.

Tudo começou quando Jodie Graves desmaiou no jardim. Tinha três anos. No dia seguinte, Jodie teve uma nova convulsão, mas agora durante o internamento hospitalar. "Estava constantemente a cair para o lado esquerdo e chegou a um ponto tão crítico que um de nós tinha de estar sempre ao lado dela", acrescenta a mãe, Lynn Graves.

A partir daí as convulsões passar a repetir-se de três em três minutos. Para os médicos a única solução seria remover a metade do cérebro de Jodie que estava afetada. Os especialistas esperavam que as funções cerebrais fossem compensadas pelo lado esquerdo. "Na primeira infância, o cérebro é mais plástico. Sendo assim, se o alterarmos nessa fase, talvez haja uma maior capacidade para o órgão se reorganizar", explica Amy Bastian, professora de Neurociência na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, uma das mais prestigiadas dos Estados Unidos.

Jodie tinha três anos quando foi submetida à cirurgia. A operação foi um sucesso e as convulsões acabaram. A única sequela da cirurgia foi a perda crónica de mobilidade do lado esquerdo: Jodie Graves manqueja e tem mobilidade reduzida no braço esquerdo.

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