A agência de notícias France Presse escreve que o consumo crescente desta droga deve-se a vários podcasts influentes e ao último livro de Ayelet Waldman, no qual a famosa escritora admite que esta droga microdosificada a ajudou a sair de uma montanha russa maníaco-depressiva.
O LSD (dietilamida do ácido lisérgico) é uma droga sintética que se popularizou na contracultura dos idos anos 60. Em grandes doses, pode provocar alucinações e alterar consideravelmente a percepção e as funções cognitivas.
Carl (nome fictício), de 29 anos, trabalha para um meio de comunicação em Washington e conta à AFP que no ano passado tomou microdoses de LSD meia dúzia de vezes para trabalhar. A experiência ajudou-o a manter a concentração: "Tinha mais energia, o núcleo da minha consciência continuava ali, mas estava talvez um pouco mais conectado com o mundo à minha volta".
Oliver, 25 anos, e cujo nome verdadeiro também é ocultado, descreve a sensação como uma "euforia muito suave" e uma concentração ainda maior. "Acho que isso se deve à capacidade do LSD de tornar tudo interessante e coerente", apontou, explicando que dessa forma ele tem "vontade de trabalhar".
Riscos desconhecidos
Os riscos potenciais de toxicidade do ácido lisérgico a longo prazo são desconhecidos, diz Matthew Johnson, especialista em vício e abuso de drogas na Universidade Johns Hopkins.
As microdoses "não são estudadas em absoluto" por motivos jurídicos e financeiros, disse o especialista.
No entanto, desde 1966, foram aprovadas várias legislações que criminalizam o consumo de LSD.
O governo dos Estados Unidos classifica-o entre as substâncias alucinógenas proibidas desde 1970, na mesma categoria da heroína, a psilocibina (ingrediente ativo de certos cogumelos máginos) e a mescalina (extrato de cactos ou sintetizada em laboratório). Por isso, o estudo a propósito das possíveis utilizações com fins medicinais foi interrompido.
Um dos riscos óbvios desta prática é a possibilidade de se ingerirem substâncias adulteradas ou mal dosificadas, aponta Johnson. Além disso, como as doses são muito pequenas, o efeito percebido como positivo pode não passar de um efeito placebo. No entanto, é "muito possível que (as microdoses) tenham efeitos antidepressivos e de melhorias da função cognitiva", afirmou.
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