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Investigadora portuguesa tem ajudado vários países na área nutricional em oncologia
23 de janeiro de 2014 - 09h34
A escolha dos alimentos e suplementos nutricionais adequados a cada doente com cancro colorretal permite reduzir os sintomas decorrentes dos tratamentos e melhor a qualidade de vida, concluiu uma investigação premiada pela Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa.
O estudo "Intervenção nutricional individualizada é importante benefício para pacientes com cancro colorretal: acompanhamento de longo prazo de uma experiência controlada de terapia nutricional", desenvolvido por um grupo de investigadoras da Unidade de Nutrição e Metabolismo do Instituto de Medicina Molecular, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, foi o trabalho distinguido na 4.ª edição do prémio que vai ser hoje entregue.
"Fomos avaliar os doentes que haviam recebido a intervenção nutricional individualizada, com uma dieta prescrita individualmente para cada pessoa, tendo em conta que são todos doentes oncológicos, mas todas as pessoas são diferentes umas das outras" e têm as suas preferências, hábitos e intolerâncias, explicou hoje à agência Lusa a coordenadora da investigação.
Embora o seu trabalho se concentre nos pacientes com cancro colorretal, "daquilo que se verifica do ponto de vista clínico, haverá outros cancros, e há, em que este tipo de intervenção com este tipo de modulação consegue efetivamente ser positivo", acrescentou a investigadora.
Paula Ravasco referiu que a experiência desenvolvida incluiu três grupos, um deles recebeu uma prescrição individualizada em termos dietéticos e educação alimentar para que o doente percebesse quais os alimentos que devia escolher e aqueles a evitar para não ter sintomas desagradáveis decorrentes dos tratamentos de radioterapia, ou para reduzir a sua intensidade.
Num dos outros grupos, os pacientes mantiveram os hábitos alimentares.
"Os doentes que receberam a intervenção nutricional individualizada efetivamente tinham outcomes [resultados] mais positivos e estavam melhor do ponto de vista global da sua qualidade de vida a longo prazo", salientou a investigadora.
O aconselhamento individualizado permitiu resultados positivos na ingestão nutricional e estado nutricional, melhorou a capacidade funcional, levou a uma menor toxicidade devido aos tratamentos e a uma melhor qualidade de vida dos doentes com cancro colerretal.
A especialista em nutrição realçou a importância de conhecer o doente nas suas especificidades orgânicas, os hábitos alimentares e as preferências, nas especificidades psicológicas e de autonomia.
Nos últimos sete anos, Paula Ravasco tem ajudado vários países a integrar a intervenção nutricional individualizada em instituições e hospitais.
Quanto a Portugal, "as coisas vão um pouco mais devagar, mas já existem algumas instituições que o fazem", referiu a investigadora, apontando os exemplos do IPO do Porto ou do Hospital de Santa Maria.
O prémio Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa MSD em Epidemiologia Clínica, "mais do que o balão de oxigénio" para o trabalho de Paula Ravasco, vai permitir desenvolver os estudo iniciados em 2001 e "obter mais certezas em termos de diagnósticos e de intervenção".
"Estão demonstradas as variáveis clínicas que melhoram com esta intervenção, agora precisamos perceber porque melhoram os outcomes, assim conseguimos provavelmente amplificar ainda mais esses resultados, que já são tão positivos", resumiu.
SAPO Saúde com Lusa
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