A Associação Todos com a Esclerose Múltipla (TEM) apresentou uma queixa aos provedores de justiça nacional e europeu contra o Hospital de Braga por prescrever apenas um medicamento para aquela doença “ignorando as especificidades clínicas de cada doente”.

A associação recorda que para o tratamento de Esclerose Múltipla (EM) “existem atualmente 8 principais medicamentos Imunomoduladores, de 1ª linha” e que até há pouco tempo os doentes "usufruíam de medicação prescrita pelo médico assistente, adequada à especificidade, estádio e evolução da doença".

Desde agosto do ano passado, o hospital "alterou a política de fornecimento de medicação", obrigando a que a prescrição médica a novos doentes incidisse "apenas e só sobre um único medicamento": o Betaferon.

"Só em casos muito especiais, devidamente justificados, o médico poderá receitar um outro medicamento (Copaxone)", o que para a associação significa "ignorar as especificidades clínicas de cada doente”.

Se os doentes medicados até agosto "continuam com os fármacos anteriormente receitados", os novos pacientes não têm a mesma sorte: "Atualmente, estima-se que a incidência anual no Hospital de Braga, registe 15 a 20 novos doentes de EM".

“A TEM considera que esta escolha única, para além de não ser uma decisão médica, mas sim administrativa, tem graves implicações e sérias desvantagens e contra indicações na vida dos doentes”, refere na queixa enviada aos provedores.

A associação denuncia ainda o facto de o hospital estar a atrasar-se na entrega da primeira medicação aos novos doentes e de, desde outubro de 2009, se verificarem "frequentes" problemas com a entrega da medicação na farmácia hospitalar: "os doentes não recebem a sua caixa de medicação completa, devido à distribuição do seu conteúdo por vários doentes".

Para a TEM, esta prática poderá ter "consequências gravíssimas", como a troca de medicação, além de gerar "grande transtorno para a vida dos doentes e seus familiares", porque têm de se deslocar várias vezes às farmácias.

A TEM decidiu por isso recorrer aos provedores de justiça nacional e europeu para que intervenha “junto dos organismos e entidades responsáveis no sentido de deliberar o imediato desbloqueamento da situação, enquanto fator determinante para a defesa da saúde e protecção destes doentes crónicos, retomando assim a prestação de um tratamento de qualidade para os doentes e de prestígio do serviço nacional de saúde”.

Em dezembro do ano passado, a Lusa contactou a direção do hospital de Braga que garantiu que os doentes eram tratados “com terapêuticas aprovadas pelo Infarmed, adaptadas caso a caso, nomeadamente conforme as exacerbações e remissões da doença”.

Segundo o hospital, “a terapêutica é naturalmente modificada em função da eficácia do tratamento e da tolerância do doente ao medicamento, razão pela qual existem doentes a quem são prescritos outros fármacos”.

10 de janeiro de 2012

@Lusa