
As autoridades sanitárias do estado de Victoria, na Austrália, estão já a investigar o que está na origem do aumento na ordem dos 400% do número de casos da úlcera de Buruli. Num artigo publicado no "Medical Journey of Australia", investigadores admitem que é preciso uma solução urgente para travar o avanço de uma epidemia que já é considerada "galopante". "A hora de agir é agora", alertam os cientistas.
"Ninguém percebe o que se está a passar e o que causou esta epidemia. É um mistério", comenta um dos autores do estudo, Daniel O' Brien, em declarações à BBC.
Só em 2017, em Victoria, registaram-se 271 casos desta patologia, quando em 2016 tinham sido 182, disse O'Brien, citado pelo jornal The Guardian.
Como surge a infeção?
A doença é provocada por uma bactéria que emite toxinas - necrosantes e imunossupressoras - que destroem as células da pele, assim como vasos sanguíneos e gordura, favorecendo a formação de úlceras. A doença afeta, sobretudo, os membros superiores e inferiores.
A infeção começa por surgir através de um caroço indolor na pele, que pode ser confundido com uma picada de inseto, e desenvolve-se lentamente até formar um úlcera.
"Apesar de ser reconhecida em Victoria desde 1948, os esforços para controlar a doença foram severamente prejudicados porque o reservatório ambiental e o modo de transmissão para os seres humanos continuam a ser desconhecidos", revelou O'Brien, que disse ainda ser "difícil prevenir uma doença quando não se sabe como a infeção é contraída".
O tratamento das úlceras não é fácil e os pacientes necessitam de seis a doze meses para recuperar e, em alguns casos é necessário cirurgia plástica.
A doença, mais comum em África, está associada a zonas húmidas e água estagnada.
Paul Johnson, um investigador que estuda a doença desde 1993, acredita que a bactéria que causa a úlcera esteja a ser propagada através de mosquitos, escreve ainda a BBC.
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