23 de abril de 2013 - 17h28
Cerca de seis dezenas de enfermeiros estiveram hoje concentrados à porta do hospital de Torres Novas em protesto contra a falta de condições técnicas e humanas de trabalho, tendo afirmado que estão no limite da sua capacidade operacional.
A ação de hoje precede uma greve geral agendada para sexta-feira nas três unidades hospitalares do Médio Tejo (CHMT), em Abrantes, Tomar e Torres Novas, e tem como motivos as "sucessivas reuniões com o conselho de administração e a contínua não resolução de problemas graves que afetam o desempenho da enfermagem, colocando em risco a qualidade e segurança dos cuidados aos utentes".
Em declarações à agência Lusa, Helena Jorge, representante do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), disse que os enfermeiros "não aguentam mais porque atingiram o limite físico e psicológico", tendo feito notar que a partir de agora a classe "não se responsabiliza" pela qualidade dos serviços prestados.
"Não nos respeitam enquanto classe profissional, não temos pausas ou folgas suficientes para compensar um desgaste extremo provocado pela sobrecarga de trabalho e mobilidade constante de profissionais, com recurso sistemático a trabalho extraordinário não pago e com um défice crónico de profissionais a trabalhar nos três hospitais do centro hospitalar", elencou.
Helena Jorge disse ainda que o conselho de administração do CHMT "já deve cerca de quatro mil horas aos enfermeiros do serviço de urgência, outras quatro mil no serviço de ortopedia e três mil horas a quem presta serviço na unidade de cuidados intensivos", uma situação que a dirigente sindical afirmou ter atingido o limite.
"Os enfermeiros não aguentam mais e o conselho de administração do CHMT e o Ministério da Saúde empurram as decisões e responsabilidades uns para os outros, na expectativa que os enfermeiros continuem a trabalhar desta forma, e até de graça, se fosse possível", observou.
A enfermeira disse ainda que a concentração hoje realizada "foi o início de um processo" que vai ter continuidade com a greve geral de sexta-feira, dia 26 de abril, nos turnos da manhã e da tarde nos três hospitais do Médio Tejo, e onde apenas vão ser prestados os serviços mínimos, ou seja, com a presença ao trabalho de cerca de 1/3 dos profissionais habitualmente alocados à prestação de serviço.
Helena Jorge afirmou "não acreditar" em novas reuniões ou desenvolvimentos significativos nas próximas horas, tendo referido, no entanto, que o pré-aviso de greve "pode ser retirado" até ao dia de quinta-feira.
Lusa