A ação de protesto foi convocada pelo Sindicato Independente de Todos Enfermeiros Unidos do Continente e Ilhas (SITEU).
Munidos de cartazes, os cerca de 20 manifestantes mostraram palavras de ordem como “ninguém está sozinho” e “dá para todos”, considerando que “os enfermeiros estão a ser abafados há mais de 20 anos”.
Em declarações à agência Lusa, a sindicalista Sónia Viegas, do SITEU, referiu que o principal motivo para o protesto está relacionado com a não conclusão do processo de transição do modelo de gestão do Hospital de Vila Franca de Xira de Parceria Público-Privada (PPP) para Entidade Pública Empresarial (E.P.E).
Uma das consequências da não finalização do processo, segundo explicou Sónia Viegas, é os trabalhadores do Hospital de Vila Franca de Xira continuarem a trabalhar 40 horas semanais, ao invés das 35 horas verificadas nas outras unidades de saúde públicas, situação que “coloca dificuldades ao processo de contratação de mais profissionais”.
“O principal problema são as contratações. Ainda não há autorização por parte do Ministério das Finanças para autorizar as novas contratações a 35 horas. Portanto, o hospital só tem autorização para contratar a 40, mas ao valor das 35. Como é óbvio não estão a conseguir contratar ninguém”, relatou.
Nesse sentido, Sónia Viegas alertou para o facto de poder estar em causa o serviço prestado aos utentes pelo HVFX.
“Quem é que precisa de fazer as horas todas que os serviços precisam e para não haver falha nos cuidados aos utentes? Os enfermeiros que estão no hospital. A situação está-se a tornar incomportável. São muitas horas a mais que os colegas fazem por mês. Aumenta o cansaço e a probabilidade de erro”, alertou.
Face a este quadro, a dirigente do SITEU admitiu que os enfermeiros podem avançar para greve, caso o processo não fique solucionado nas próximas semanas.
“Vamos tentar novamente contactar o Ministério das Finanças e dar o ‘timing’ que achamos razoável, duas, três semanas, talvez, no máximo. Se não tivermos resposta e se a situação se mantiver, teremos de avançar para outras formas de luta”, sublinhou.
Contactada pela Lusa, fonte da administração do Hospital de Vila Franca de Xira referiu que “aguarda uma autorização do Ministério das Finanças”, ressalvando que já fez tudo aquilo que lhe competia.
No final de abril de 2021, o Governo aprovou um decreto-lei que contemplava a passagem do HVFX, que serve cerca de 250 mil habitantes de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Benavente e Vila Franca de Xira, para o modelo de entidade pública empresarial.
O equipamento, inaugurado em março de 2013, foi gerido até maio de 2021 em regime de parceria público privada pelo grupo Mello Saúde.
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