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Sono insuficiente pode elevar nocivamente níveis de moléculas e hormonas no corpo
14 de outubro de 2013 - 16h28
Um estudo norte-americano diz que o hábito de dormir menos nos dias de trabalho e mais ao fim de semana pode diminuir a sensação de sonolência, mas não é capaz de reverter possíveis danos à saúde do cérebro e do corpo causados pela privação do sono.
Dormir mais aos finais de semana não é suficiente para reparar todos os danos causados à saúde pelas poucas horas de sono durante o restante da semana. Essa é a conclusão de um estudo publicado este mês na revista científica American Journal of Physiology-Endocrinology and Metabolism. Segundo os autores da investigação, o hábito pode até diminuir a sensação de sonolência e o stress, mas não é capaz de evitar problemas causados pela privação do sono, como dificuldades de concentração.
No artigo, os autores explicam que há uma série de explicações para o facto de dormir pouco poder provocar danos cerebrais ou conduzir a uma menor esperança de vida. Segundo os cientistas, um sono insuficiente pode, por exemplo, elevar os níveis de moléculas no corpo relacionadas com a inflamação, além de aumentar a quantidade de cortisol, uma hormona segregada em situações de stress, e desregular as taxas de açúcar no sangue.
Experiência em três fases
No estudo, cientistas da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, conduziram, durante 13 dias, uma série de testes em 30 adultos saudáveis. Nas primeiras quatro noites, os voluntários puderam dormir durante oito horas; nos outros seis dias, dormiram apenas seis horas por noite; e, nos últimos três dias do estudo, puderam dormir até dez horas por noite.
Os participantes foram submetidos a uma série de exames que analisaram a atividade cerebral durante o sono, além do nível e hormonas e outras substâncias no sangue. Os voluntários também realizaram um teste que avaliou a capacidade de concentração.
Os resultados dos testes revelaram que as dez horas de sono por noite foram suficientes para diminuir a sonolência e o stress dos voluntários, causados pelas poucas horas de sono dos dias anteriores. O desempenho dos participantes no teste de atenção foi, porém, o mesmo depois de uma noite de sono mal dormida ou após dez horas de sono com um período de carência de horas de sono associado.
Segundo os autores da investigação, a descoberta é relevante para se repensar estratégias organizacionais em profissões que não permitam desvios de atenção, como é o caso dos médicos ou pilotos de avião, por exemplo.
Os cientistas adiantam que são necessários mais testes e estudos para definir quais são os efeitos a longo prazo do ciclo de restrição e recuperação de sono nos indivíduos.
SAPO Saúde
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