As doenças respiratórias foram responsáveis por cerca de 12 por cento das mortes em Portugal em 2010 e levaram a um maior número de internamentos, revela o Relatório Anual do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR).
Ao contrário do que sucede com a mortalidade geral, a mortalidade por doença respiratória mantém uma tendência crescente.
"As doenças respiratórias continuam a ter um peso muito grande e constituem as principais causas de internamento e de mortalidade. Doze por cento dos óbitos são por doenças respiratórias e se juntarmos o cancro do pulmão, esse número sobe para 15 por cento(%)", disse à Lusa o presidente do ONDR.
Teles Araújo sublinhou que "não há uma tendência para diminuição destas doenças e não é previsível que vá haver num curto prazo", apontando como causas para esta situação o tabaco, os factores ambientais, nomeadamente a qualidade do ar, e a concentração cada vez maior de populações nas grandes cidades, às vezes com condições habitacionais deficientes que aumentam possibilidade de transmissão das doenças.
O relatório refere que "a mortalidade por doença respiratória representou entre 10 e 13% da totalidade dos óbitos, constituindo uma das principais causas de morte em Portugal", acrescentando que os internamentos devido a estas patologias aumentarem de 12% em 2006 para 14% em 2010.
Enquanto os internamentos globais têm uma diminuição de nove por cento, os internamentos por doença respiratória tiveram um aumento relativo de 12%, refere o documento, que analisa o impacto das principais patologias respiratórias nos internamentos hospitalares do Serviço Nacional de Saúde (SNS) entre 2006 e 2010, bem como a sua representação por regiões de saúde, sexo e escalões etários nos anos de 2006 a 2010.
O cancro do pulmão e as pneumonias continuam a ser doenças com mortalidade crescente, não obstante os progressos terapêuticos. Inversamente, nas doenças respiratórias crónicas, quer a asma, quer a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), o panorama parece mais favorável, não obstante o envelhecimento da população que, em relação à DPOC, terá certamente influência, salienta o relatório da ONDR.
Em 2010, dos doentes internados por cancro do pulmão 31% morreram.
Os internamentos por pneumonias apresentam ao longo dos anos um número de internamentos muito relevante, com um pico máximo em 2009, coincidindo com a epidemia da gripe A. Em 2010, os internamentos por gripe voltaram aos valores dos anos anteriores a 2009.
"Este facto, juntamente com uma mortalidade residual, mas persistente por tuberculose, e uma subida da mortalidade por pneumonia, reforçam a ideia de que as infeções permanecem uma ameaça, à qual teremos de estar atentos", observam os autores do documento.
Por outro lado, alertam, "uma crise económica e financeira" da dimensão que Portugal está a viver "acarretará problemas sociais relevantes": As doenças em geral e as patologias respiratórias, em particular, "aproveitam essa circunstância para reforçarem a sua capacidade de ataque, sendo expectável um aumento da sua incidência nos tempos mais próximos".
A maioria dos doentes internados por asma são mulheres (62%), 38% homens e 45% têm menos de 18 anos, enquanto nos doentes internados por Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), a maioria (66%) são homens.
As doenças respiratórias crónicas atingem 40% da população portuguesa: asma 10%, rinite 25% e DPOC 14,2% das pessoas com mais de 40 anos.
02 de novembro de 2011
@Lusa
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