O grupo, que disse falar em nome de todos os 34 diretores de serviço do hospital, disse, em conferência de imprensa, que se até final de março não houver solução, pondera tomar “uma atitude coerente com o centro hospitalar”, admitindo como “cenário possível” a demissão em bloco.

“Há oito meses que se aguarda a assinatura da portaria conjunta – Ministério da Saúde e das Finanças - que é fundamental para que este hospital saia da mediocridade logística. Porque excelência a clínica tem. O que não tem é edifício, condições e recursos humanos suficientes para a população que cobre”, disse Horácio Costa, diretor do Serviço de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva.

O concurso público para a segunda fase da obra do CHVNG/E, no valor total de 16 milhões de euros, foi aprovado por maioria a 02 de março pelo Conselho de Administração (CA), cujo mandato terminou no final de dezembro de 2016, tendo já sido informado da não recondução da equipa.

A empreitada, que inclui a nova urgência, só poderá ser adjudicada depois de publicada a portaria assinada pelos dois ministérios.

Seis milhões de euros em risco

De acordo com o grupo de diretores de serviço, o documento “já foi assinado pelas Finanças”, faltando apenas o aval do Ministério da Saúde. Caso essa portaria não seja publicada até final de março, “perdem-se seis milhões de euros de fundos comunitários”, disse Horácio Costa.

Em comunicado, a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte) afirma, sem referir prazos, que “foi definida pela atual tutela do Ministério da Saúde como prioritária a continuidade na requalificação da Unidade Hospitalar do Monte da Virgem, a concluir no mais curto espaço de tempo possível”.

Garante também que “nunca foi equacionado por parte da atual equipa do Ministério da Saúde qualquer tomada de decisão que visasse minorar a prestação de cuidados às populações que do CHVNE se serve, pelo contrário, aumentar sustentadamente, sempre que possível”. “A performance do CHVNGE testemunhada deve-se, na sua totalidade, aos profissionais, independentemente da categoria, carreira ou função, que na mesma desempenham a sua atividade”, acrescenta.

Num documento distribuído aos jornalistas, o presidente do Conselho de Administração ainda em funções, Silvério Cordeiro, afirma que “o CHVNG/E está no limite da sua capacidade face à crescente procura, razão pela qual torna-se fundamental avançar com as obras de reabilitação, de forma a poder melhorar a capacidade de produção e os níveis de otimização dos recursos, com tradução nos desempenhos económico e financeiro. O lançamento do concurso, ainda que condicionado, visando tal objetivo, teve em vista, também, não pôr em risco o financiamento, já assegurado pelo programa Norte 2020”.

Salienta que, “apesar da atividade assistencial ter aumentado de forma relevante em todas as linhas de produção, nomeadamente em cerca de 35% nas cirurgias, o financiamento do CHVNG/E sofreu uma redução de 10 milhões de euros face a 2010”.

Acrescenta que “paralelamente, também o incremento na diferenciação do hospital contribuiu para elevar em 14% o índice de ‘case-mix’[coeficiente global de ponderação da produção que reflete a relatividade de um hospital face aos outros], o que, em 2017, para o mesmo nível de produção de 2016, corresponderia a mais 12 milhões de euros de financiamento”.