O preço do tabaco em Portugal é inferior ao que devia custar atendendo ao nível de vida do país, defende um documento elaborado pela Coligação belga contra o Tabaco com base nos preços de julho.
A análise baseia-se no preço de um maço de 20 cigarros Marlboro clássico, o tabaco mais consumido nos 27 países da União Europeia e indica que, tendo em conta o nível de vida em Portugal, esta marca devia cobrar 4,74 euros por cada maço.
Apesar de, entretanto, o preço deste tabaco em Portugal ter subido para 4 euros (em julho custava 3,70 euros/maço), o valor fica ainda abaixo do que a associação defende poder ser cobrado.
A Coligação adianta que Portugal está entre os 10 países da União Europeia onde o tabaco é mais barato, sendo que mais de metade dos 27 Estados-membros tem preços de Marlboro abaixo do valor que seria "correto" tendo em conta o poder do consumidor.
A Bulgária é o país da UE onde a diferença é maior face ao que é de facto cobrado e o preço que seria possível tendo em conta o nível de vida do país: 3,67 euros. Apesar de 20 cigarros Marlboro custarem na Bulgária 2,55 euros, a Coligação considera que o preço pode subir para os 6,22 euros.
Entre os países que cobram menos do que podiam contam-se sobretudo os do sul e do leste da Europa, estando na lista nomes como a Eslovénia, o Chipre, a República Checa, a Grécia, a Estónia, a Hungria, a Lituânia ou a Roménia.
Nos Estados ditos de centro e norte, onde o nível de vida é mais elevado, os preços do tabaco já ultrapassaram o valor médio do poder de compra.
É o caso do Luxemburgo, onde a associação considera que um maço de Marlboro devia custar 1,57 euros, o preço real é de 4,20, enquanto que na Alemanha o valor podia ser de 4,27 mas é de 4,95 euros. Em Inglaterra, a Coligação defende que se poderia cobrar 6,64 por 20 cigarros, mas o preço é de 7,46, sendo que, na Irlanda, a diferença é até maior, já que o preço "recomendado" é de 6,53 euros e o marcado em cada maço é de 8,55 euros.
Com esta análise, a Coligação defende um aumento dos impostos sobre o tabaco como forma "de fazer entrar receitas nos cofres do Estado e diminuir o número de fumadores".
Uma política que a União Europeia pretende seguir, recomendado um aumento generalizado dos preços do tabaco a par das proibições de fumar em locais fechados e públicos.
O relatório europeu EQUIPP, elaborado por especialistas de cada país e divulgado em abril, recomendou que o tabaco passe a ser mais caro na Europa.
Luís Rebelo, um dos especialistas portugueses que esteve envolvido no projeto, disse na altura à Lusa que “a legislação em Portugal precisa ser 100 por cento ‘smoke free’" e que o aumento do preço é “muito dissuasor, em particular em momentos de crise e para as camadas mais jovens”.
Também o diretor geral de Saúde, Francisco George, disse anteriormente à Lusa que o aumento do preço do tabaco é reconhecido como “uma das medidas mais eficazes” para reduzir a prevalência do tabagismo.
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31 de março de 2011
Fonte: Lusa/SAPO
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