O Governo quer que parte das verbas do programa de ajuda externa sirva para regularizar a dívida a fornecedores do Sistema Nacional de Saúde que, no final do ano, chegará aos 3 mil milhões de euros, disse à Lusa fonte governamental.

“O Serviço Nacional de Saúde (SNS) vai dever, no final do ano, 3 mil milhões de euros aos fornecedores”, avançou fonte oficial do ministério da Saúde, admitindo que os valores das dívidas estão a causar problemas nos fornecimentos, nomeadamente de medicamentos, aos hospitais.

“Pelo menos um laboratório já avisou que, a partir do dia 2 de dezembro, não vai mais fornecer [medicamentos] se não a pronto pagamento”, referiu.

Face ao problema, a ‘troika’ – Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu – pediu ao Governo português para elaborar um plano de pagamentos aos fornecedores até final de 2011.

“Mas não há dinheiro [para o plano de pagamento]”, ressalvou a mesma fonte, referindo que “o ministério das Finanças está a discutir a possibilidade de aplicar parte das verbas de resgate de Portugal [78 mil milhões de euros] no pagamento das dívidas do Estado".

Se a situação for autorizada pela 'troika' ou "se se encontrarem formas alternativas de financiamento, será rápido fazer um plano”, disse.

O Diário Económico avança, na sua edição de hoje, que o sistema de saúde entrará em rutura caso o Estado não injete cerca de 1,6 mil milhões de euros nos hospitais-empresa até ao final de janeiro.

De acordo com o jornal, a preocupação foi discutida nas últimas semanas com a ‘troika’ – durante a visita a Portugal dos chefes da missão internacional para a segunda avaliação do programa de ajuda externa – e a solução para salvar os hospitais já está a ser desenhada.

“Obviamente que o Estado tem de pagar as suas dívidas, não há volta a dar”, disse à Lusa a fonte do ministério da Saúde.

“Enquanto não pode pagar, tem de encontrar formas de manter os fornecimentos e renegociar essa dívida com os fornecedores – quer alargando prazos, quer obtendo descontos, ou de outras formas” -, disse, acrescentando que poder-se-á “por exemplo pagar a pronto os fornecimentos que são inadiáveis como medicamentos de sustentabilidade de vida”.

25 de novembro de 2011

@Lusa