A hipótese foi avançada pelo neurocientista Berislav Zlokovic, da Faculdade de Medicina Keck da Universidade da Califórnia do Sul, nos Estados Unidos, que considera fundamental perceber o primeiro passo no desenvolvimento da doença de Alzheimer para que seja possível combatê-la de forma mais precoce e eficaz.
Segundo o cientista, quanto mais cedo a doença neurodegenerativa for detetada, melhor será a possibilidade de a travar ou desacelerar, embora se saiba que a doença não tem cura.
"A incapacidade cognitiva e a acumulação no cérebro das proteínas anormais amiloide e tau são aquilo em que atualmente nos baseamos para diagnosticar a doença de Alzheimer, mas pode-se observar quebras na barreira hematoencefálica e alterações na corrente sanguínea cerebral muito antes disso", comenta Berislav Zlokovic num comunicado da referida universidade.
"Isto demonstra a razão pela qual os vasos sanguíneos saudáveis são tão importantes para o funcionamento normal do cérebro", acrescentou o cientista.
O que é a barreira hematoencefálica?
A BHE consiste num sistema de filtração que deixa passar substâncias benéficas para o cérebro (glicose, aminoácidos e outras) e impede a passagem de substâncias nocivas como bactérias ou vírus. Este sistema é composto essencialmente por células do endotélio que reveste as centenas de quilómetros de artérias, veias e vasos capilares que alimentam o cérebro.
Ruturas nesta rede podem permitir a passagem da proteína amiloide para o cérebro, que adere aos neurónios, e desencadeia a acumulação de mais proteína, causando eventualmente a morte dos neurónios.
Os investigadores explicaram que é possível detetar ruturas na BHE através de uma substância de contraste em exames de ressonância magnética.
Segundo os cientistas, as micro-hemorragias cerebrais são outro sinal de rutura e que são igualmente detetáveis em ressonâncias magnéticas.
Por outro lado, uma absorção mais lenta da glicose pelo cérebro pode indiciar igualmente uma rutura no sistema da BHE.
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