17 de abril de 2014 - 14h22
O elemento-chave do óvulo, que permite ao espermatozoide reconhecê-lo e fixar-se nele na primeira etapa da fecundação, foi identificado depois de uma dezena de anos de investigações, segundo estudos publicados esta quarta-feira na revista científica Nature.
A descoberta pode levar a uma melhoria nos tratamentos de infertilidade ou ao desenvolvimento de novos métodos anticoncepcionais, afirmam os cientistas.
Para que haja fecundação, é preciso que óvulo e espermatozoide se acoplem. Este reconhecimento recíproco e a sua capacidade de se prenderem um ao outro, que dão origem à sua fusão e à formação do embrião, depende da presença de proteínas e de sua interação.
Já em 2005, cientistas japoneses descobriram a proteína que desempenha este papel no espermatozoide, denominada Izumo, mas a sua equivalente no óvulo permanecia desconhecida. No entanto, investigadores do Wellcome Trust Sanger, no Reino Unido, anunciaram a descoberta da proteína situada na membrana do óvulo, apelidada de Juno, em homenagem à deusa da fertilidade.

Falta desta proteína propicia infertilidade
O estudo revelou ainda que ratinhos machos, cujos espermatozoides careciam de Izumo, eram inférteis. Segundo o estudo liderado por Gavin Wright, as fêmeas destituídas da proteína recetora Juno também são estéreis e os seus óvulos são incapazes de se fundir com o espermatozoide.
As observações indicam ainda que a interação entre Juno e Izumo é essencial para a fecundação normal entre os mamíferos.

Os investigadores sugerem, ainda, que a proteína Juno, que desaparece rapidamente depois da acoplagem, desempenha um papel essencial no bloqueamento do acesso a outros espermatozoides.
"Como outros avanços na biologia, esta descoberta levanta questões e abre novas pistas", revelou o especialista Paul Wassarman, da Escola de Medicina do Monte Sinai, em Nova Iorque.
Segundo Wassarman, a proteína Izumo revela ser uma boa candidata para o desenvolvimento de uma vacina contraceptiva.
SAPO Saúde com AFP