Representar os profissionais de várias áreas ligados ao problema das dependências e promover e divulgar o conhecimento sobre estas matérias são objetivos de uma nova associação apresentada hoje em Coimbra.
Designada como “Associação Portuguesa de Adictologia - Associação Portuguesa para o Estudo das Drogas e das Dependências” (APEDD), a nova entidade, criada recentemente, pretende reunir os técnicos que trabalham nesta área, assumindo “um caráter de abertura, para melhorar a intervenção” neste domínio, disse, em conferência de imprensa, o presidente, o psiquiatra João Curto.
“Existe atualmente um esforço para aumentar o rigor científico e a eficácia das abordagens em matéria de adições. Estamos numa época com grandes desafios, onde a problemática da adição põe à prova modelos até então existentes, em que o contributo das neurociências vai alargando e aprofundando o nível de conhecimento sobre a ação e a influência das substâncias de abuso no comportamento humano”, segundo o médico.
De acordo com João Curto, diretor da Unidade de Desabituação de Coimbra do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), as “complexidades da problemática das adições, que atravessa toda a sociedade e mobiliza recursos económicos e humanos nunca vistos noutras doenças”, justifica a “importância de uma organização científica que atraia e vá ao encontro das expetativas dos milhares de profissionais de todos os campos que trabalham direta ou indiretamente” nesta área.
Médicos de várias especialidades, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e juristas são alguns dos profissionais que operam na área das dependências.
“Estranho que, tendo sido adquirido e consolidado um conjunto de competências técnicas e saberes nesta área, ainda não houvesse uma agremiação profissional que juntasse todos os técnicos”, disse, na sessão, Carlos Ramalheira, delegado regional do IDT e dirigente da Ordem dos Médicos, ao congratular-se com o surgimento da associação.
A APEDD realiza na sexta-feira, no auditório do Conservatório de Música de Coimbra, o seu primeiro encontro, com a participação de vários especialistas, abordando temas como “Neurobiologia e cognição nas dependências”, “O espaço das associações científicas” e “Intervenções em dependências”.
“Será um primeiro encontro para debater estratégias futuras e alguns aspetos ligados ao problema das dependências”, disse Rocha Almeida, responsável clínico da Delegação Regional do Centro do IDT, membro da direção e um dos fundadores da APEDD.
Segundo João Curto, o álcool continua a ser a substância de abuso mais consumida em Portugal. Em 2009 na União Europeia, foram identificadas 24 novas drogas sintéticas e, até julho de 2010, mais 15 novas substâncias.
Ao referir-se às novas adições, o presidente da APEDD lembrou ainda que “já há pessoas em tratamento devido à dependência do telemóvel ou da Internet”.
16 de fevereiro de 2011
Fonte: LUSA/SAPO
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