Em média, cada português consume 10,7 gramas de sal por dia, segundo a Sociedade Portuguesa de Hipertensão, quando esse valor não deveria ultrapassar os cinco gramas.

A Associação de Defesa do Consumidor (Deco) analisou a quantidade de sal em produtos embalados e em refeições adquiridas em restaurantes de Lisboa e Porto e comparou os resultados com os dos estudos realizados pela organização em 2005 e 2011. De acordo com a Deco, o teor de sal em produtos alimentares embalados aumentou desde 2005 em 12 categorias de alimentos e reduziu noutras 16 categorias.

"Dos 250 alimentos que analisámos, detetámos alguns (tiras de milho) em que o aumento do teor de sal ronda os setenta por cento. Os croissants, por exemplo, subiram quase sessenta por cento. Nos dois casos referidos, o mais preocupante é que não se trata de sal adicionado pelo consumidor. Pelo contrário, foram os produtores que intensificaram a sua utilização contrariando as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS)", denuncia a Associação de Defesa do Consumidor.

Segundo o mesmo estudo, a Deco detetou a presença de mais 30% de sal em embalagens de batatas fritas e mais 29% no queijo flamengo comparativamente aos estudos anteriores.

Quanto às áreas alimentares onde se assistiu a uma redução da adição de sal, destaque para o pão (-35%), azeitonas (-38%), fiambre (-38%) e manteiga (-48%).

Foram analisadas pelos técnicos da Deco 30 categorias alimentares de um total de 250 alimentos: em 16 alimentos a concentração de sal baixou, em dois manteve-se e noutros 12 aumentou.

Os alimentos com mais e menos sal

Restauração em situação alarmante

De acordo com o mesmo estudo, os restaurantes também apresentam "resultados preocupantes". "Analisámos o teor de sal em cinquenta refeições - menus de hambúrguer com batatas fritas e 32 refeições de carne - e concluímos que há casos em que, com, apenas, uma dose, é possível atingir ou até ultrapassar a dose diária máxima recomendada pela OMS", refere a Deco em comunicado.

Em Lisboa, o menu de hambúrguer apresentava, em média, 0,72 gramas de sal por 100 gramas (2,3 gramas por prato). No Porto, a quantidade por 100 gramas era sensivelmente a mesma (0,7 gramas), mas mais elevada por refeição (2,73 gramas), porque os restaurantes serviram doses maiores, explica a Deco.

"Os pratos do dia dos lisboetas acusaram, em média, 0,73 gramas de sal por cada 100 gramas (3,09 gramas por prato). Os pratos portuenses são mais salgados: 0,87 gramas por 100 gramas e 5,26 gramas por refeição", indica.

Dentro da mesma região, também há diferenças significativas nos teores de sal, sobretudo nos pratos do dia. Em Lisboa, variaram entre 1,75 gramas, numa bifana com batatas fritas, e 4,9 gramas, num prato de rojões e num estufado de novilho. "Ou seja, com apenas uma refeição, no caso dos valores máximos, podemos atingir facilmente a quantidade de sal recomendada pela OMS", comenta a Associação de Defesa do Consumidor.

No Porto, a situação não é mais favorável. "Encontrámos pratos do dia com concentrações de sal entre 2 gramas (bife de vaca com batata frita) e 10,5 gramas (rojões à moda do Minho)", destaca a organização.