A perita em ética participou hoje em Lisboa no seminário de encerramento do ciclo de debates “Decidir sobre o final da vida”, que têm sido promovidos nos últimos meses pelo Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV).

Para Adela Cortina, as decisões sobre o final da vida enquadram-se em decisões que são éticas e não legais, defendendo que, neste campo, as leis criadas devem ser “dadas como boas por todos os afetados por elas”.

Daí que a especialista sublinhe a importância de promover debates e diálogos alargados em toda a sociedade, de modo a que a legislação reflita do modo mais próximo possível o entendimento da sociedade, tornado os cidadãos autores das suas leis.

Veja ainda: Eutanásia: Os países que permitem morrer com ajuda

Adela Cortina considera que a primeira reação de qualquer pessoa, a resposta intuitiva e emocional, é concordar com a eutanásia. Contudo, a filósofa espanhola nota que depois “faltam os argumentos ou as razões”. “Os pontos de vista têm de ser traduzidos em argumentos para o juízo moral não ser intuitivo ou emocional”, afirmou.

Adela Cortina advoga que o debate sobre o final da vida “não deve ser um confronto de ideologias, nem consistir em marcar diferenças”, mas antes “procurar os pontos em que pode haver acordo e detetar os pontos em que se podem superar os desacordos”. “Descobrir os pontos de acordo é fundamental para uma ética da sociedade civil, que deve tentar ser o mais compartilhada possível”, defende.

Para que seja possível morrer em paz, a filósofa considera que a sociedade civil tem de ‘con-viver’ para que seja possível ‘con-morrer’”.