Nos cuidados de saúde em oncologia os problemas já existentes nos serviços foram ampliados face à situação pandémica da COVID-19, sendo que, apesar do número de
médicos e enfermeiros e o financiamento do Serviço Nacional de Saúde terem aumentado, são vários os relatórios que constatam que a produtividade tem vindo a diminuir. Esta
questão gera entropias na unidade de prestação de cuidados com consequências diretas na qualidade do diagnóstico, tratamento médico e seguimento do doente e da família.

No presente ano de 2022, o Tribunal de Contas Português auditou a resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aos doentes Oncológicos entre 2017 e 2020, concluindo que
apesar dos procedimentos instituídos para o acompanhamento do acesso a cuidados de saúde oncológicos no Serviço Nacional de Saúde, os mesmos apresentaram falhas, no que se refere no apuramento e monitorização dos tempos e listas de espera nas primeiras consultas de especialidade de oncologia médica, no diagnóstico e tratamento, considero
assim que este é um grande retrocesso da nossa conquista democrática em prol da equidade e justiça no acesso a cuidados de saúde.

Assim, as conclusões relativas ao primeiro ano de resposta do SNS à crise pandémica sistemas de informação de suporte nos serviços de saúde. Deste modo, no que se refere à
avaliação e monitorização da qualidade dos serviços prestados, apuramento e monitorização de várias métricas (indicadores em saúde) continuam por apurar. Em específico os tempos e as listas de espera na primeira consulta hospitalar na doença oncológica, nos exames complementares de diagnóstico e terapêutica alvo para o tratamento e controlo da doença.

Nos cuidados paliativos verificamos o desinvestimento constante, quer na aposta na formação de novas equipas, aposta em unidades construídas de novo e prontas para a
prestação de cuidados com equipas diferenciadas, quer na aposta formativa nas equipas já existentes, dotações de pessoal clínico mediante os racios que permitam a segurança e a qualidade de cuidados.

É verdade que não se tratam de soluções fáceis de operar no terreno, mas todos temos responsabilidade cívica e profissional para discutir, propor e ajudar implementar melhores
políticas e soluções promotoras do desenvolvimento dos serviços de saúde prestados ao doente oncológico e em situações de necessidade de cuidados paliativos, uma rede que se quer justa, coesa, solidária, equitativa e de fácil acesso para as pessoas e suas famílias