Muitos mitos ainda persistem em relação aos cuidados paliativos e a sua ligação com o cancro. Muitas destas crenças (erradas) geram confusão, medo e podem até dificultar o acesso dos doentes a cuidados adequados e humanizados.
Desmistificar estas ideias é essencial para garantir que todos recebam o suporte necessário em qualquer fase da doença oncológica.
Mito 1 - Cuidados paliativos destinam apenas à fase terminal da doença
Um dos mitos mais comuns é a ideia de que os cuidados paliativos se destinam apenas à fase terminal da doença. Na realidade, estes cuidados podem ser iniciados desde o momento do diagnóstico, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do doente, aliviando sintomas e oferecendo apoio social e psicológico. Quando introduzidos precocemente, permitem um melhor controlo da dor, da fadiga e de outros sintomas.
Mito 2 - Optar por cuidados paliativos significa desistir
Outro Mito frequente é acreditar que optar por cuidados paliativos significa desistir do tratamento curativo e do próprio doente. Pelo contrário, os cuidados paliativos podem coexistir com tratamentos como a quimioterapia ou radioterapia, ajudando a controlar sintomas e proporcionando conforto ao doente sem comprometer o tratamento dirigido à doença.
Mito 3 - Cuidados paliativos limitam-se ao controlo da dor
Há quem pense que os cuidados paliativos se limitam ao controlo da dor, quando, na verdade, abrangem um conjunto mais vasto de intervenções, nomeadamente: a gestão de sintomas como náuseas, falta de apetite, dificuldades respiratórias e fadiga extrema, bem como apoio emocional, psicológico e social tanto para o doente como para a sua família. Com uma abordagem multidisciplinar, envolvendo médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, entre outros, pretende-se garantir um acompanhamento integral e humanizado.
Derrubar estes mitos é essencial para assegurar que os doentes oncológicos recebam o acompanhamento necessário em todas as fases da doença. Os cuidados paliativos não significam desistência, mas sim qualidade de vida, garantindo conforto, dignidade e apoio contínuo.
É fundamental reforçar a importância destes cuidados, para que todos os doentes possam enfrentar a sua jornada com mais serenidade e bem-estar.
Um artigo da médica Luísa Pereira, Internista e Paliativista, e Coordenadora da Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital CUF Tejo.
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