O setor de análises clínicas é um pilar fundamental do sistema de saúde em Portugal, refletindo a complexidade e a importância dos cuidados de saúde que a população necessita. A recente monitorização da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), referente ao primeiro semestre de 2023, evidencia não apenas a importância dos meios complementares de diagnóstico, mas também os desafios que este setor enfrenta.
A diminuição significativa nos encargos com serviços de análises clínicas, que caiu de 367 milhões de euros em 2022 para 235 milhões em 2023, suscita preocupações. Uma redução de 36% pode indicar uma diminuição na procura, mas também pode refletir um problema mais profundo no acesso e na qualidade dos serviços prestados. É alarmante que, num país onde a saúde deve ser uma prioridade, 20,5% dos concelhos não tenham oferta convencionada, obrigando os cidadãos a deslocações que podem ultrapassar uma hora para ter acesso a cuidados básios.
Além disso, a concentração do mercado é outro ponto crítico. A monitorização revelou que 90,3% das requisições são realizadas por apenas 14 operadores, o que representa apenas 23% do total. Este nível de concentração pode levar a uma diminuição da concorrência e, consequentemente, à estagnação na qualidade dos serviços.
É fundamental que os políticos e as entidades reguladoras tomem medidas proativas para assegurar que a oferta de serviços de análises clínicas seja abrangente e acessível a todos. A criação de incentivos para novos operadores e o investimento em infraestruturas em regiões carentes são passos que podem ser decisivos para um sistema de saúde mais equitativo.
Em suma, a saúde é um direito de todos e deve ser tratada como tal. O setor de análises clínicas, embora vital, enfrenta desafios significativos que precisam ser abordados com urgência. A responsabilidade recai sobre os gestores e reguladores para que o acesso, a qualidade e a concorrência não sejam comprometidos, garantindo que todos os cidadãos tenham acesso a um diagnóstico rápido e eficaz.
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