A crise económica que atravessamos pode levar a um retrocesso na diminuição dos casos de acidentes vasculares cerebrais (AVC). Este alerta é dado pela Sociedade Portuguesa de Neurologia (SPN), por ocasião do Dia Nacional do Doente com AVC.
As dificuldades financeiras refletem-se na aquisição da medicação, no acesso aos cuidados de saúde, na obtenção de exames complementares de diagnóstico bem como na prática de uma alimentação saudável e estão também na origem de quadros depressivos, tudo isto aumenta o risco de AVC.
Victor Oliveira, presidente da SPN, defende que “apesar de se ter assistido a uma diminuição do número de casos de AVC em Portugal, como aliás acontece em todos os países desenvolvidos, esta patologia continua a ser um grave problema de saúde pública, constituindo a primeira causa de morte e incapacidade permanente no nosso país, além de conduzir a mais de 25 mil internamentos por ano. Temos receio que este quadro se deteriore devido a restrições financeiras que dificultem, por exemplo o acesso à execução de exames complementares de diagnóstico como a ultrassonografia da circulação cerebral, um método não invasivo que permite a deteção de situações de risco de AVC e também as maiores dificuldades no acesso a cuidados de saúde”.
Perante esta situação, a SPN considera que é fundamental que a população conheça os primeiros sinais de alerta para o AVC, para que este possa ser tratado o mais rapidamente possível, evitando défices que podem ser devastadores ou mesmo levar à morte.
Victor Oliveira explica que “o que caracteriza um AVC é o início súbito de défices. Os mais típicos são falta de força num braço, dificuldade em falar e aparecimento de boca ao lado. Tais sinais devem ser do conhecimento de toda a população para que se possa agir a tempo”.
O especialista aconselha a que “logo que sejam identificados estes sinais de alarme se chame imediatamente o 112. A partir daí o assunto fica entregue a profissionais habilitados que desencadeiam um conjunto de procedimentos que visam chegar rapidamente (via Verde do AVC) à unidade hospitalar adequada se iniciar o tratamento adequado (Unidade de AVC)”. É importante frisar que a maneira mais eficaz para se chegar a tempo ao hospital é marcar o 112 e aguardar a chegada do INEM.
As sequelas produzidas pelo AVC dependem da localização no cérebro e a extensão das lesões e também da forma como se manifesta, podendo tratar-se de uma hemorragia (rotura / derrame) ou uma isquémia (entupimento). “Muitos AVC, se não forem tratados a tempo, podem deixar sequelas definitivas e em alguns casos tão graves que o doente ficará em cadeira de rodas ou mesmo acamado até ao fim da vida. Por isso se considera o AVC como uma emergência e para as emergências deve-se chamar o 112” , reforça o neurologista.
A SPN recomenda “uma aposta clara na prevenção das principais situações que predispõem para o AVC, o que passa por tratar rigorosamente a hipertensão arterial e a diabetes e combater o tabagismo e a obesidade. A origem genética existe, de facto, mas é responsável apenas por um número muito reduzido de casos. Ou seja, a esmagadora maioria dos AVC são consequência dos fatores anteriormente apontados, por isso, em grande parte, preveníveis”.
As doenças vasculares cerebrais são, em Portugal, a terceira causa de anos de vida perdidos, pelo que o presidente da SPN salienta que “ é melhor prevenir um AVC do que tratar as suas consequências. Quando acontece é uma emergência e deve ser tratado como tal”.
28 de março de 2012
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