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Exposição crónica ao fumo de tabaco aumenta risco de cancro, asma e doenças coronárias
21 de junho de 2013 - 09h36
As crianças portuguesas estão entre os jovens europeus mais expostos ao fumo de tabaco, principalmente em casa, o que aumenta o risco de algumas doenças, como as respiratórias, revelou hoje a investigadora do Instituto de Medicina Preventina Fátima Reis.
Portugal foi um dos 17 países europeus a participar no projeto Democophes, que pretende recolher dados acerca da exposição a poluentes e apoiar a definição de medidas políticas e a sua avaliação.
A análise da presença dos químicos cádmio, cotinina e ftalatos na urina e mercúrio no cabelo foi realizada pela Unidade de Saúde Ambiental do Instituto de Medicina Preventiva, da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, e abrangeu 120 pares de mãe, com menos de 45 anos, e crianças, entre seis e 11 anos.
"O estudo revela que as crianças portuguesas estão incluídas no grupo das crianças europeias com níveis mais elevados de cotinina na urina, o que significa que se encontram entre as mais expostas a fumo de tabaco, e é em casa, junto de familiares fumadores, que se encontram mais expostas", disse à agência Lusa Fátima Reis.
A investigadora, que coordenou o trabalho em Portugal, explicou que "os níveis de cotinina nas mães e nas crianças refletem claramente os hábitos tabágicos conhecidos nos adultos em Portugal e a exposição a fumo passivo a que as crianças ainda estão sujeitas".
O estudo confirmou que "a condição social da mãe, medida pelo nível de habilitações académicas, é determinante nos níveis de cotinina das crianças, na medida em que a um nível educacional mais reduzido correspondem níveis de cotinina mais elevados", apontou ainda a especialista.
A exposição crónica ao fumo de tabaco e ao fumo ambiental de tabaco (FAT) "aumentam o risco de cancro, asma e doenças coronárias para fumadores activos, sendo que os fumadores passivos, principalmente as crianças, são afetados de igual modo".
As crianças são especialmente sensíveis ao FAT, que "poderá provocar doenças respiratórias, por exemplo, doenças respiratórias agudas, tosse crónica, expetoração, falta de ar, asma, bronquite, pneumonia e infeções do ouvido médio", referiu Fátima Reis.
O consumo de tabaco e o FAT "aumentam o risco de morte súbita nos recém-nascidos de baixo peso ao nascer e de partos prematuros", acrescentou.
Também na medição dos níveis de mercúrio nos organismos das mães e crianças, relacionado com o consumo de algumas espécies de peixe, Portugal regista valores acima da média, enquanto nos restantes químicos, cádmio, absorvido nos alimentos e através do pó, e ftalatos, igualmente presentes nos produtos alimentares, assim como nos cosméticos, registam-se níveis abaixo da média.
Fátima Reis realçou ainda a importância deste trabalho, já que permite produzir dados comparáveis na Europa sobre os níveis de poluentes que as pessoas têm nos seus organismos e "fundamentar decisões políticas a nível europeu e nacional, que podem ajudar a definir prioridades ambientais tendo em vista a proteção da saúde pública".
Lusa
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