Um estudo publicado na prestigiada revista Lancet's EClinicalMedicine descobriu que a miríade de sintomas da "Covid longa" - que vão desde uma névoa cerebral e alucinações a tremores e zumbidos - se espalha por 10 dos sistemas de órgãos do corpo humano, podendo muitos deles coocorrer na mesmo doente.
Athena Akrami, neurocientista da University College London e autora do estudo, frisa em declarações ao jornal britânico The Guardian que "muitas clínicas pós-Covid no Reino Unido se concentraram na reabilitação respiratória. É verdade que muitas pessoas têm falta de ar, mas também têm muitos outros problemas e tipos de sintomas que as clínicas precisam [de conhecer] para fornecer uma abordagem mais holística".
Segundo o referido estudo, um terço dos sintomas continua a afetar os pacientes seis meses depois do início da infeção.
A investigação salienta que um programa nacional de triagem ajudaria a produzir uma melhor compreensão de quantas pessoas são afetadas por este tipo de patologia, defendem os cientistas.
Os investigadores pedem o alargamento das diretrizes clínicas na altura de avaliar pacientes com suspeita de "Covid longa", no sentido de abarcar outros exames para além dos testes cardiovasculares e de função pulmonar.
Segundo Athena Akrami, que esteve infetada com o coronavírus SARS-CoV-2, a investigadora ainda sentia sintomas 16 meses depois de desenvolver a doença. "É provável que haja dezenas de milhares de pacientes com 'Covid longa' a sofrer em silêncio, sem saber se os seus sintomas estão relacionados com a COVID-19.
O estudo entrevistou 3.762 pessoas com 'Covid longa' confirmada ou suspeita em 56 países. Identificou 203 sintomas, dos quais 66 foram monitorados por sete meses.
Os sintomas mais comuns foram fadiga, mal-estar pós-esforço e névoa cerebral. Outros efeitos incluíram alucinações visuais, tremores, prurido, alterações no ciclo menstrual, disfunção sexual, palpitações cardíacas, problemas de control0 da bexiga, herpes zoster, perda de memória, visão turva, diarreia e zumbido.
Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.182 pessoas e foram registados 916.559 casos de infeção, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A pandemia de COVID-19 provocou pelo menos 4.053.041 mortos em todo o mundo, entre mais de 187,7 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente da agência France-Presse.
A doença é transmitida pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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