O Prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, cardeal Peter Turkson, fez este apelo numa mensagem dirigida aos bispos, às autoridades sanitárias, aos doentes e "pessoas de boa vontade".
"Perante uma emergência desta dimensão, muitos países, sobretudo os que têm sistemas de saúde débeis, encontram-se esmagados pelos efeitos do vírus e podem não ser capazes de proporcionar a cura” e os cuidados necessários, alertou na carta o cardeal Turkson.
Assim, este "poderá ser um tempo propício para o reforço da solidariedade e proximidade entre os Estados”, uma vez que o vírus revela "as graves desigualdades entre os vários sistemas socioeconómicos" e os seus sistemas de saúde e científicos.
"É o momento de promover a solidariedade internacional e partilhar equipamentos e recursos", considerou o prelado.
Neste contexto, exortou ao "não descuidar a justiça social" nesta crise, bem como ao apoio à economia e à investigação, agora que o vírus "está a criar una nova crise económica".
Por outro lado, o cardeal Peter Turkson apelou a que não se assista ao estigmatizar dos infetados com o novo coronavírus, pois, sublinhou, "a doença não conhece fronteiras nem cor de pele".
A epidemia de COVID-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.300 mortos em 28 países e territórios.
O número de infetados ultrapassou as 120 mil pessoas, com casos registados em 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 59 casos confirmados.
Face ao avanço da epidemia, vários países têm adotado medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena inicialmente decretado pela China na zona do surto.
A Itália é o caso mais grave depois da China, com mais de 10.000 infetados e pelo menos 631 mortos, o que levou o Governo a decretar a quarentena em todo o país.
Em Portugal, a Direção Geral da Saúde (DGS) atualizou esta quarta-feira o número de infetados, que registou o maior aumento num dia (18), ao passar de 41 para 59.
A região Norte continua a registar o maior número de casos confirmados (36), seguida da Grande Lisboa (17) e das regiões Centro e do Algarve (três cada).
O boletim divulgado esta quarta-feira assinala também que há 83 casos a aguardar resultado laboratorial e 3.066 contactos em vigilância, um aumento face aos 667 divulgados na terça-feira.
No total, desde o início da epidemia, a DGS registou 471 casos suspeitos.
O Conselho Nacional de Saúde Pública (CNSP) reúne-se esta quarta-feira para discutir medidas de contenção do surto de Covid-19, incluindo a possibilidade de antecipação das férias escolares da Páscoa.
As medidas já adotadas em Portugal para conter a epidemia incluem, entre outras, a suspensão das ligações aéreas com a Itália, a suspensão ou condicionamento de visitas a hospitais, lares e prisões, e a realização de jogos de futebol sem público.
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