“É evidente que há algum receio, é impossível não ter receios, mas também não podemos deixar de viver as nossas vidas. Se houver uma decisão governamental ou das autoridades de saúde para não sairmos de casa, obviamente acatarei essa medida”, resume Jasmine Lee, de 19 anos, no Porto numa visita turística desde terça-feira, natural da Califórnia, Estados Unidos, a estudar atualmente no Reino Unido.

Ao sol, numa esplanada junto à estação de São Bento, o belga Maxime Despontin, de 28 anos, bebe cerveja e come tremoços com o grupo de amigos, sem receios do surto de COVID-19, assegurando que fez um exame de saúde global antes de viajar e que todos deviam fazer o mesmo.

“Trabalho nos serviços administrativos de um hospital e estamos habituados a todas estas preocupações de lavar bem as mãos, tossir para o cotovelo, vigiar sintomas. Antes de viajar fiz um 'check up' e o médico disse que podia partir sem preocupações”, descreveu o jovem à agência Lusa.

Maxime defende que não se pode partir de qualquer destino “antes de analisar a saúde”, afirmando ser “necessário que todas as pessoas façam isso antes de viajar”.

Para a norte-americana Jasmine Lee, “atualmente o coronavírus já está em todo o lado”.

“Portugal deve ser dos sítios mais seguros. Não estou paranoica. Apenas acho que devemos ter precauções”, afirmou.

As cautelas da estudante passam por “tentar usar máscara nos aeroportos e onde está muita gente e lavar bem as mãos”.

“Fora isso, não sei bem o que podemos fazer”, notou.

Mais preocupado está Hugo Pontes, de 50 anos, um brasileiro a residir em Portugal há dois anos. Usa máscara para se deslocar para o trabalho e no trabalho.

“Temos de nos prevenir. Estou muito preocupado. As escolas estão a fechar, algumas pessoas estão fazendo os seus trabalhos em casa, os estagiários estão a ser mandados para casa”, descreveu.

Hugo Pontes trabalha numa empresa de comunicação e continua a trabalhar.

“Mas eu fico de máscara”, alerta.

Descreve que alguns colegas também o fazem, outros estão “na dúvida”, sem acreditar que “possa ser uma coisa séria”.

“Alguns pensam que [a COVID-19] é só uma gripe. Eu penso que é algo mais sério”, afirmou.

Da janela do táxi que conduz há quatro semanas, Sara Cidade, de 26 anos, admite estar preocupada, mas recusa “entrar em pânico”.

“As únicas preocupações que tenho é desinfetar as mãos e lavá-las regularmente. É a única coisa que podemos fazer. Não vamos andar aqui de máscara…”, disse.

A taxista também desinfeta “o carro de duas em duas ou de três em três viagens”.

“As mãos é sempre, a cada viagem”, garante.

O negócio é que tem sofrido um pouco porque “tem havido menos turismo” e “o mau tempo também não ajudou”.

Em Portugal, o número de casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus que causa a doença COVID-19 subiu hoje para 59, mais 18 do que os contabilizados na terça-feira, anunciou a Direção-Geral da Saúde (DGS).

De acordo com o boletim sobre a situação epidemiológica em Portugal, divulgado hoje, há 471 casos suspeitos, dos quais 83 aguardam resultado laboratorial.

Segundo a DGS, há ainda 3.066 contatos em vigilância pelas autoridades de saúde.

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