“No nosso país, cada um é testemunha do descalabro que se vive no setor da saúde, sobretudo, no setor público”, afirmou o deputado e porta-voz do MDM, Fernando Bismarque.
Bismarque falava em nome do chefe da bancada do MDM, Lutero Simango, na Assembleia da República, durante o discurso de abertura da terceira sessão da IX Legislatura do parlamento.
Ao longo dos 45 anos de independência de Moçambique, não houve investimentos sérios para promover a qualidade e aquisição de equipamentos hospitalares, acrescentou.
Por outro lado, prosseguiu, não há promoção de uma política de recrutamento de jovens que terminam cursos de medicina para o exercício da profissão, apesar da falta destes profissionais em todo o território nacional.
“Por isso, assistimos todos os dias a técnicos de laboratórios hospitalares, enfermeiros e médicos formados a abraçarem outras atividades diferentes das suas áreas de formação”, frisou.
O MDM defendeu ser urgente uma reorganização do SNS, através de uma reflexão profunda sobre a situação no setor.
“Não faz sentido que volvidos 45 anos da nossa independência continuemos a ser uma colónia no setor da saúde. Somos dependentes de ajudas externas, porque, a nível interno, temos tido a tentação de negligenciar este setor tão importante para a nossa sobrevivência”, destacou.
Para sair do “descalabro”, continuou, Moçambique deve investir recursos suficientes em infraestruturas de saúde, formação e equipamento e melhorar os incentivos aos profissionais da saúde.
Fernando Bismarque condenou a primazia do lucro no setor privado da saúde, criticando a falta de ética e deontologia e o aproveitamento da situação provocada pela pandemia de covid-19 para o enriquecimento.
“Chegam relatos de famílias de que tem havido muito oportunismo e falta de ética e deontologia profissional em alguns hospitais privados, onde no lugar da vida, o lucro passou a ser o maior valor”, referiu.
Moçambique conheceu uma subida exponencial de mortes, infeções e internamentos, devido à covid-19 desde o início deste ano, ultrapassando o total registado em todo o ano passado.
O país conta com um cumulativo de 608 mortes por covid-19 e 56.920 casos de infeção, desde a eclosão da pandemia no país em março de 2020.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.498.003 mortos no mundo, resultantes de mais de 112 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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