“É uma sensação muito boa. Já estava com bastantes saudades de surfar e sinto-me bastante relaxado e descontraído neste momento”, afirma João Pedro Feliciano, de 15 anos.

O surfista, que corre os circuitos regionais, repete a experiência pela segunda vez desde que foi autorizada a utilização das praias para desportos individuais, determinada com o fim do estado de emergência.

Num dia em que a inexistência de vento fazia adivinhar boas ondas logo ao início da manhã, foi bem cedo para Ribeira d’Ilhas, onde pelas 08:00 eram já mais de 20 os surfistas dentro de água, distribuídos ao longo da frente de mar.

Um deles era Pedro Guerra Alves e o filho. Ao fim de dois meses em casa a trabalhar e com quatro filhos, o consultor considera “maravilhoso poder voltar e poder sentir outra vez a liberdade do mar”.

“Faz tão bem”, sublinha à Lusa, lembrando que foi esta qualidade de vida que o levou, há 14 anos, a mudar a residência de Lisboa para a Ericeira.

Nos 25 anos que leva a surfar, só se lembra de ter sido forçado a parar três meses devido a uma cirurgia que realizou.

Já Matilde Pinto, de 15 anos, surfista a competir no campeonato nacional, nunca se viu forçada a parar, tal como João Pedro Feliciano, e desde segunda-feira tem aproveitado ao máximo.

“Temos de ter imenso cuidado, mas foi muito bom porque já tinha imensas saudades”, diz.

Além do distanciamento social e não permanência no areal, o município de Mafra limitou a uma única sessão diária de 120 minutos para pescadores lúdicos, 90 minutos para surfistas e 60 minutos para quem faz caminhadas, através de cartazes afixados à entrada de cada praia.

“É um tempo suficiente para que possam desfrutar e fazer o seu desporto”, explica o presidente da autarquia, Hélder Sousa Silva, justificando que os limites impostos se devem à elevada procura destas praias e “à pressão com o regresso ao mar”.

Sem coimas previstas até pelo menos ao início da época balnear, o autarca faz depender “do civismo e da responsabilidade” o cumprimento das “regras de convivência na orla costeira”.

Apesar de haver fiscalização da Polícia Marítima, Polícia Municipal e GNR, o presidente da câmara admite que “não existe capacidade para andar atrás de cada surfista, de cada pescador ou de cada caminheiro”.

Entre os surfistas, a opinião é unânime: os 90 minutos são mais do que suficientes para manter uma atividade saudável e são uma maneira de não estar tanta gente.

Dentro e fora de água, todos tentam manter as distâncias mínimas de segurança.

Segundo Hélder Sousa Silva, “os primeiros dias estão a correr bem”.

Os dias de isolamento social foram difíceis, confessam os surfistas com quem a Lusa falou, mas muitos foram criativos e, além do tempo passado em família, optaram por outro tipo de desportos, como é o caso de Pedro Guerra Alves, que fez piscina, skate, treino em casa e andou a cavalo.

Já Matilde Pinto, aproveitou para “treinar a parte física e a mobilidade para quando voltasse ao mar e à competição”.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 254 mil mortos e infetou quase 3,6 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 1.089 pessoas das 26.182 confirmadas como infetadas, e há 2.076 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.