Na conferência de imprensa de atualização sobre o combate à pandemia de COVID-19, o governante sublinhou que o primeiro-ministro “tem estado sempre ao lado dos profissionais de saúde”, independentemente das críticas a propósito da atuação face ao surto no lar de Reguengos de Monsaraz, que culminaram hoje num pedido da OM para uma audiência urgente com o chefe de governo, já agendada para terça-feira.

“Deixaremos ao Ministério Público e à Inspeção-Geral de Atividades em Saúde a conclusão dos inquéritos que estão a decorrer e que estão em segredo de justiça. O primeiro-ministro reunir-se-á amanhã [terça-feira] com o bastonário da Ordem dos Médicos e a boa relação que existe entre todos ficará reforçada”, adiantou Lacerda Sales, sublinhando: “E se houve alguma tensão, essa tensão será diluída. Devemos prosseguir neste desígnio de unidade nacional”.

Contudo, o secretário de Estado não deixou de subscrever a mensagem de António Costa, que vincou no fim de semana que o papel de uma ordem profissional não é “fiscalizar o Estado”, sobre a auditoria movida pela Ordem dos Médicos na resposta ao surto de COVID-19 no lar Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva.

“O dever da OM é de regular e de monitorizar aquilo que é o exercício da atividade dos seus profissionais. A primeira obrigação é tratar os seus doentes, seja em que condições for. Não existindo dúvidas de que a OM tem competências disciplinares, também sabemos que não tem poder de fiscalização”, referiu, acrescentando: “A OM está vinculada ao princípio de legalidade, deve atuar em obediência à lei e dentro dos poderes que lhe são conferidos”.

Ainda no que toca à situação pandémica nos lares de idosos, a diretora-geral da Saúde disse existirem atualmente 20 surtos ativos nestas instituições, num total de 148 em todo o país.

O caso de Mora mereceu uma explicação detalhada de Graça Freitas, que revelou a existência até às 10:30 de hoje de “62 casos diagnosticados” e o envolvimento de “mais de 400 pessoas”, tendo sido efetuados “592 testes” até à data.

Quanto ao previsível aumento de turistas, com a inclusão de Portugal na lista de corredores seguros do Reino Unido, não está prevista uma intensificação das medidas de prevenção das autoridades, adiantou Graça Freitas, garantindo que os turistas “são bem-vindos” ao país.

“Aplica-se o mesmo a todo o país e todas as proveniências. A segurança começa nos próprios turistas, quando chegamos a um país, devemos observar as regras”, salientou, sem deixar de delegar também a resposta nos diferentes agentes económicos, como hotéis e restaurantes: “Não estão isentos da responsabilidade de regularem a aplicação das regras. Não é só terem as condições de acordo com as normas, mas fazer com que essas normas sejam respeitadas”.

Em Portugal, morreram 1.801 pessoas das 55.720 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A pandemia de COVID-19 já provocou pelo menos 809 mil mortes e infetou mais de 23,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.