“Sabemos que não ficaremos seguros enquanto os nossos vizinhos estão doentes. Por isso, a cooperação internacional é necessária, e a UE tem uma grande responsabilidade relativamente aos países mais vulneráveis na nossa vizinhança do Leste e do Sul”, realçou Ana Paula Zacarias.
A secretária de Estado falava durante uma sessão plenária do Parlamento Europeu sobre a “Estratégia global da UE para a vacinação contra a covid-19”, onde referiu que a UE deve “falar com outros países” sobre a iniciativa COVAX - que prevê a compra de dois mil milhões de vacinas até ao final de 2021, para depois serem utilizadas em países de baixo e médio rendimento – mas também sobre o reforço da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Nenhum país irá conseguir derrotar esta pandemia sozinho. Precisamos de solidariedade, precisamos de falar com outros países sobre a iniciativa COVAX, sobre o reforço da OMS, sobre cooperação técnica, e temos de trabalhar com o espírito de equipa europeu. Juntos, podemos tornar a UE e o mundo num lugar mais seguro para lutar contra o vírus”, sublinhou Zacarias.
O debate contou também com a intervenção da comissária para a Saúde, Stella Kyriakides, que insistiu igualmente na necessidade de ajudar os países nas fronteiras da UE no seus processos de vacinação, sublinhando que a covid-19 é uma “pandemia global que precisa de soluções globais”.
“Nenhum país, nenhuma economia, irá recuperar verdadeiramente até que o vírus esteja sob controlo em todos os continentes. As variantes do vírus que emergiram recentemente são prova disso. A UE está pronta para ter um papel geopolítico em total alinhamento com os seus princípios fundadores”, destacou a comissária.
Durante o debate, onde os eurodeputados apelaram a maior cooperação internacional e a uma maior transparência no processo de vacinação dentro da UE, Ana Paula Zacarias realçou a necessidade de “unidade” entre os Estados-membros e as instituições europeias na atual situação pandémica, salientando a importância de “preservar o mercado interno e o espaço Schengen”.
Nesse âmbito, a secretária de Estado saudou a aquisição conjunta de vacinas pela Comissão Europeia, realçando que foi devido à “abordagem europeia comum” que a UE tem agora um “vislumbre de esperança”.
“Através de uma abordagem europeia comum, acelerámos o desenvolvimento de muitas das vacinas mais promissoras, assegurámos o acesso a vacinas para cada um dos europeus, (…) e conseguimos autorizar vacinas que são seguras e eficientes”, referiu.
Salientando que a situação pandémica “irá ficar pior antes de ficar melhor”, devido ao impacto de maior contacto social “durante a época festiva” e à “emergência de novas variantes altamente contagiosas, Ana Paula Zacarias realçou que há, ainda assim, “razões para se manter otimista”.
“Em primeiro lugar, o portfólio de vacinas autorizadas foi aumentado, tanto em termos de vacinas como de doses. Em segundo lugar, as capacidades de produção das vacinas autorizadas estão progressivamente a aumentar na Europa. Em terceiro, há vacinas na lista de espera para obter uma autorização nos próximos dias ou semanas”, destacou.
Ana Paula Zacarias pediu assim que seja implementada uma “comunicação clara”, que indique aos cidadãos de forma “transparente o número de doses” que a UE recebe e administra, mas também que explique problemas nas cadeias de produção.
“Temos de combater a falta de confiança nas vacinas e convencer as pessoas da sua importância e mérito. Temos de trabalhar juntos para fornecer mensagens claras e eficazes neste aspeto: transparência e confiança têm de andar de mãos dadas”, sublinhou Zacarias.
Face aos pedidos de transparência feitos pelos eurodeputados durante o debate – que insistiram que merecem ter acesso aos contratos de aquisição de vacinas negociados pela Comissão Europeia com as farmacêuticas – a comissária Kyriakides reconheceu que o “Parlamento democraticamente eleito” deve ter o direito de “escrutinar” o trabalho da Comissão, mas defendeu que existem “cláusulas de confidencialidade”.
“Como sabem, estamos vinculados por cláusulas de confidencialidade nos contratos, mas saúdo que o nosso primeiro fornecedor de vacinas tenha concordado em tornar esse texto acessível. Tenho a esperança de que isto não é o fim do caminho e iremos continuar a trabalhar com os fornecedores de vacinas para obter o seu acordo e alargar este acesso o mais rapidamente possível”, realçou a comissária.
Ana Paula Zacarias falava na sessão plenária enquanto representante do Conselho da UE, cuja presidência é assegurada este semestre por Portugal.
Além do debate sobre a vacinação, a secretária de Estado irá também participar hoje num debate sobre a situação humanitária dos refugiados e dos migrantes nas fronteiras externas da UE.
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