Em declarações aos jornalistas no final de mais uma reunião sobre a situação da covid-19 em Portugal, que decorreu no Infarmed e reuniu políticos e especialistas por videoconferência, o dirigente e deputado social-democrata Maló de Abreu foi questionado sobre a possibilidade, admitida na segunda-feira pelo Presidente da República, de o quadro legal do estado de emergência se prolongar até maio.
“Compreendo muito bem os avisos e a atenção do senhor Presidente da República, todos nós, todos os portugueses que passámos por este ano de pandemia têm uma preocupação: que não passemos por novas vagas, ainda mais difíceis”, afirmou, defendendo que tal só é possível com “uma política firme, de contenção, uma política que não caia no desleixo ou na tentação de facilitismos”.
O vogal da Comissão Política Nacional do PSD quis deixar uma palavra do Governo, pedindo que seja “mais competente e menos incontinente”.
“Um Governo mais competente é um Governo que aposte em mais vacinas, em mais testes e aposte também em tomar mais cuidado nas fronteiras, porque há variantes que são mais perigosas e que podem causar problemas”, defendeu.
Por outro lado, António Maló de Abreu pediu um Governo “menos incontinente”.
“Vimos o primeiro-ministro no último fim de semana manter a máscara, mas despir o casaco de primeiro-ministro e a vestir o de secretário-geral do PS, dizendo que a oposição não apresentava propostas”, apontou.
Na resposta, o deputado considerou que o PSD se afirmou “desse há muito tempo como alternativa, tendo feito mais de 250 propostas, incluindo há mais de seis meses um plano muito específico de combate à pandemia”, que tinha como pilares a testagem e a vacinação.
“O senhor primeiro-ministro não leu, não quis ler, mas pelo menos aprendeu que era necessário mudar de política e pode ser que esta política nova dê melhores resultados”, afirmou.
O deputado do PSD admitiu que existem “sinais positivos” de diminuição na incidência geral da pandemia e, em particular, nos grupos de risco, mas defendeu que existem razões para manter as cautelas, como um novo aumento dos casos de covid-19 na Europa e a mobilidade aumentada dentro do país.
“É preciso muito cuidado, olhar para a economia e para as questões sociais, mas também não perder de vista as questões de saúde (…) Tudo tem de ser gradual e cuidadoso”, defendeu.
Maló de Abreu saudou ainda “as mulheres e homens da ciência” que hoje contribuíram para as apresentações feitas no Infarmed, considerando que foram “muito claros” e melhoraram muito, ao fim de um ano de pandemia.
O Presidente da República, o primeiro-ministro, o presidente do parlamento e os partidos voltaram a reunir-se esta manhã com epidemiologistas, por videoconferência, num momento em que o país regista menos casos de covid-19 e iniciou há uma semana um processo de desconfinamento.
Após esta reunião entre políticos e peritos sobre a evolução da situação epidemiológica de Portugal, na quinta-feira, a Assembleia da República vai debater e votar o projeto de decreto presidencial para a renovação do estado de emergência por novo período de 15 dias, com efeitos a partir de 01 de abril e que abrangerá o período da Páscoa.
Portugal registou hoje 10 mortes relacionadas com a covid-19 e 434 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
Em Portugal, já morreram 16.794 pessoas dos 818.212 casos de infeção confirmados.
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