“Dá ideia que há aqui algumas cortinas de fumo que se vão criando para esconder a falta de ação atempada naquilo que realmente se exige e que é necessário que pode fazer a diferença”, afirmou o eurodeputado comunista, em entrevista à agência Lusa, feita no dia em que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, propôs o estado de emergência ao parlamento, e que é debatido hoje à tarde pelos deputados.

Crítico do “adiar das respostas” do Governo do PS à pandemia, o candidato a Belém afirmou que “quase dá a ideia" de que é preciso lançar “algumas cortinas de fumo”, como “a discussão das aplicações [com a polémica com a app ‘stayaway covid] ou os estados de emergência”, que “distraiam do essencial”.

E o essencial, afirmou, é “quando falham as medidas que são necessárias no Serviço Nacional de Saúde (SNS), a contratação de mais profissionais, o reforço de meios, o reforço das respostas não apenas ao covid, mas todas as outras situações” ou ainda “quando falha a contratação de profissionais noutros setores e noutros serviços, como o caso da educação”.

Outra falha apontada é quanto ao “investimento necessário nos transportes que permita que as pessoas não continuem a viajar atulhadas e algumas a ficarem atulhadas nas filas que se criam por causa dos controlos aos movimentos”.

O deputado ao Parlamento Europeu criticou alguma inutilidade da anterior declaração do estado de emergência, em março e abril, e alertou para alguns “efeitos perversos”, hoje e há sete meses, por exemplo, no exercício de direitos, liberdades e garantias, dando o exemplo de “abusos em inúmeras empresas” quanto aos seus trabalhadores.

Em março, “por responsabilidade ou por medo”, a população adotou o confinamento sem ser necessário o estado de emergência, argumentou João Ferreira, numa entrevista à Lusa que será divulgada no domingo.

Nas primeiras duas declarações de estado de emergência, em março e abril, o PCP absteve-se, mas na segunda renovação votou contra por considerar a medida "desnecessária e desproporcional".

As eleições presidenciais realizam-se em janeiro de 2021, tendo sido já anunciadas as candidaturas de João Ferreira, com o apoio do PCP, de Marisa Matias, apoiada pelo Bloco de Esquerda, Ana Gomes, militante do PS, e André Ventura, do Chega, partido de extrema-direita.

O atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que já tem o apoio do PSD, partido de que foi líder, ainda não anunciou se se recandidata a um segundo mandato.