“Neste cenário de muita incerteza, estas cautelas em relação a diversos procedimentos relacionados com as cerimónias fúnebres religiosas implicam uma readaptação da parte de todos nós”, considerou o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, explicando que as normas visam “reduzir o risco de transmissão” da doença provocada pelo novo coronavírus.
O responsável falava à agência Lusa a propósito da norma emitida pela DGS sobre cuidados ‘post-mortem’ com cadáveres de pessoas infetadas com o novo coronavírus, onde se recomenda a cremação dos corpos e determina, em caso de enterro, que o caixão não seja aberto.
“Percebo que possa causar algum desconforto a algumas pessoas, mas é uma cautela importante para todos, enquanto sociedade, e que as pessoas compreenderão”, considerou.
A norma publicada na segunda-feira pela DGS emite um conjunto de orientações para os profissionais que têm que lidar com os cadáveres de doentes que morram com Covid-19, ou quando, mesmo sem confirmação, suspeitem que tenha sido essa a causa da morte. Neste último caso devem ser colhidas amostras biológicas antes do envio do corpo para a casa mortuária, que serão depois submetidas a análise.
De acordo com estas orientações, todos os dispositivos e materiais usados no tratamento devem ser retirados do corpo, descartados para os seus contentores específicos, e o cadáver deve ser deixado limpo e seco, desinfetando orifícios e tamponando orifícios para impedir riscos de saída de fluidos.
"É essencial que os profissionais que realizam os funerais e todos os outros envolvidos no manuseio do corpo sejam informados sobre o risco potencial de infeção, incluindo os familiares", lê-se na norma, que obriga a diminuir a acumulação de cadáveres e proíbe o embalsamamento.
Ainda que não seja obrigatório, a DGS refere que os cadáveres devem, "de preferência" ser cremados. Quando tal não aconteça, os corpos, que devem sempre ser embalados em sacos impermeáveis, ficam em caixão fechado, estando as famílias também proibidas de os abrir.
A DGS determina também normas estritas de higiene e proteção pessoal para quem tenha que manusear o corpo, impondo o uso de material impermeável, máscaras cirúrgicas e óculos de proteção.
O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram.
Das pessoas infetadas, mais de 82.500 recuperaram da doença.
O novo cornavírus já matou duas pessoas em Portugal e infetou 642, segundo os dados mais recentes da DGS.
Há 89 doentes internados e 553 a recuperar em casa.
Segundo a DGS, em 4.074 casos o teste deu negativo e há 351 casos a aguardar resultado laboratorial.
O boletim epidemiológico diário indica ainda que desde o dia 01 de janeiro foram registados 5.067 casos suspeitos.
Estão em vigilância pelas autoridades de saúde 6.656 (menos 196) contactos e o número de cadeias de transmissão ativas subiu para 24 (eram 19).
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