Todos (ou quase) os dias com recorde do número de casos excepto, como esperado, os dados de novos casos de sábado e de domingo. Com quase uma taxa de incidência nos últimos 14 dias de 6.000/100.000 (leia-se 6%, designação que a Epidemiologia não gosta) o número de casos é “esmagador”, ainda que com consequências menos gravosas do que o aconteceu na segunda vaga. O mapa de risco vai ter de ser de novo alterado e o vermelhão escuro já está mais que “ultrapassado”.
Nunca tivemos tantos novos casos nesta actual onda (gigante) pandémica, com mais de dois dígitos de novos casos da 3ª vaga (dez 20/jan 21). De repente quase um em cada quatro portugueses tiveram o SRS-CoV-2 naturalmente e, concretamente, não sabemos o número real de casos, nem saberemos serologicamente, dada actual taxa de cobertura vacinal. Claro que os casos COVID-infecção e os casos COVID-doença estão mesclados, dados os critérios ainda prevalentes na actual estratégia de gestão do risco.
Julga-se que não se andará muito longe de uma incidência real de um em cada três portugueses (ou mesmo um em cada dois) que, naturalmente, já foi infectado ou adoeceu com COVID-19.
A mortalidade galopa ainda que a níveis bem inferiores de há um ano e a “pressão” hospitalar está “flat” (a verdadeira “linha vermelha”, politicamente falando). Entretanto, cerca de 50% dos cidadãos elegíveis tem o rappel da vacina e, consequentemente, está bem “equipado imunologicamente” para quaisquer intempéries pandémicas no quadro genómico viral actual.
Hoje, 27 de janeiro de 2022, reacende-se alguma preocupação com o índice de transmissibilidade a crescer (após algumas semanas a minguar) o que, associado ao perfil pandémico em países que nos antecederam, indicia que a crista da onda está “atrasada” em relação à previsão de há algumas semanas atrás. E o presente acto eleitoral não será alheio a tal perfil.
Dito de outra forma, deveria ser um tempo de contenção, mas o ciclo eleitoral “imposto” vem exacerbar o ciclo pandémico, compreendendo-se mal os objectivos da política e a sua conciliação com as mais adequadas estratégias de acção (policy) com o dever de não propagar uma doença. Mesmo num país com taxas de vacinação superior a 90%, não considerando a imunização natural …
Não seria altura de adequar a resposta nacional ao SARS-CoV-2? Ou vamos continuar “a reboque” do que se vai passando abroad. Nada de novo, portanto!
Para o próximo inverno será, por certo, tudo diferente!
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