"Espero que essa validação dos diferentes modelos para enfrentar essa situação seja comum e que possamos ter um discurso único e unificado", afirmou Luiz Henrique Mandetta em uma entrevista à rede Globo que foi divulgada no domingo à noite.
O ministro que é médico de profissão, declara-se favorável a manutenção de medidas de isolamento social para conter a disseminação da pandemia decretadas por governos regionais no país.
A posição opõe-se à do Presidente brasileiro, que já pediu à população que volte ao trabalho e às ruas porque está mais preocupado com as consequências económicas da crise causada pela disseminação da pandemia, especialmente o desemprego.
Além disso, o chefe de Estado brasileiro desafiou as recomendações das autoridades de saúde várias vezes com passeios esporádicos por Brasília, subestimando a gravidade da crise e chamando a covid-19 de "gripe" e "resfriado".
Num comunicado em rede nacional, Bolsonaro também incentivou os brasileiros a voltarem ao trabalho, alegando que o desemprego causa "mortes".
Já Mandetta considerou que esse discurso duplo do Governo confunde os brasileiros porque "eles não sabem se escutam o Ministro da Saúde" ou "se escutam o Presidente".
Nesse sentido, o ministro apontou que as diferentes estratégias de um e de outro preocupam porque a população observa e pensa: "Mas o ministro é contra o Presidente?"
Mandetta esclareceu que "não há ninguém contra ou a favor de nada", uma vez que "o inimigo comum" é o novo coronavírus.
Por outro lado, o ministro da Saúde também previu que "nos meses de maio e junho" o pico da pandemia chegará ao país sul-americano.
Essa previsão é diferente da expetativa de Bolsonaro que, numa videoconferência com líderes religiosos transmitida na véspera da Páscoa, disse que "parece que o problema do vírus está começando a desaparecer".
Por sua vez, Mandetta defendeu novamente o confinamento temporário de toda a população e afirmou que a disseminação do novo coronavírus dependerá da resposta social às recomendações de isolamento.
"Quando você vê pessoas entrando em uma padaria, entrando no supermercado uma atrás da outra, grudadas, pessoas fazendo piqueniques em um parque, isso é claramente uma coisa errada", avaliou o ministro da Saúde brasileiro.
O Brasil registou no último domingo 99 mortes e mais 1.442 novos casos de infeção pelo novo coronavírus em 24 horas, totalizando 1.223 óbitos e 22.169 infetados desde o início da pandemia, segundo dados do Ministério da Saúde do país.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 114 mil mortos e infetou mais de 1,8 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, quase 400 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
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