A Save the Children, uma organização não governamental britânica que defende os direitos das crianças no mundo, concluiu no seu relatório que, em Itália, 1.346.000 menores (13,6% das crianças e adolescentes no país) vivem em condições de pobreza extrema, mais 209.000 do que no ano anterior.

A crise económica, causada pelo encerramento das atividades económicas para contrariar a propagação do vírus, está a ter efeitos dramáticos na vida de muitas famílias, já que 345.000 pais perderam os seus empregos no último ano.

Além disso, o encerramento de escolas levou a uma “pobreza educativa e digital” durante o ano passado, o que contribuiu para piorar a situação económica e social da península itálica.

O relatório observa que uma das consequências do empobrecimento da família pode ser vista, sobretudo, na alimentação das crianças, uma vez que “a crise económica reduziu o poder de compra de muitas famílias para assegurar uma dieta equilibrada para os seus filhos”.

Neste contexto, sublinha a Save the Children, as cantinas escolares são um elemento essencial para assegurar uma nutrição adequada e o desenvolvimento físico de muitas crianças, apesar de os últimos dados disponíveis mostrarem que menos de metade das escolas [pré-primária, primária e secundária] oferecem serviço de cantinas (49,4%).

No entanto, existem diferenças regionais, visto que nas regiões do sul do país, onde há menos cantinas, a percentagem de crianças com menos de 15 anos que não comem uma porção de carne ou peixe e uma porção de fruta ou legumes por dia é de 4,1%, em comparação com 2,9% no centro e 1,7% no norte de Itália.

Os inquéritos realizados pela Save the Children, no último ano, revelaram que cerca de 20% dos pais de crianças e adolescentes que utilizam o serviço de cantina acreditam que não poderão cobrir os custos no próximo ano.

Para além das dificuldades económicas enfrentadas por muitas famílias, isto foi agravado pelas dificuldades encontradas no último ano devido ao encerramento das escolas, com 12,3% das crianças dos 6 aos 17 anos sem computador ou ‘tablet’, ferramentas essenciais para acompanhar o ensino à distância durante a pandemia.

Em algumas regiões do Sul, a percentagem atinge 19% e a isto acresce que cerca de 41,9% dos menores do país viveram o período de confinamento em casas sobrelotadas.