Em entrevista à RTP, transmitida no Telejornal, o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, começou por apontar que “não está criado em Portugal um clima de confiança no Ministério da Saúde e na DGS [Direção-Geral da Saúde] que permita a informação necessária e a adoção de comportamentos preventivos que evitem o alarmismo social”.

Para o centrista, a ministra da Saúde, Marta Temido, e a diretora-geral da Saúde, Graças Freitas, “têm tido mensagens descoordenadas e equívocas”.

O líder do CDS-PP criticou também que o primeiro-ministro tenha chamado “a si a comunicação neste processo, o que parece indiciar que notou que, da parte dos portugueses, existe alguma desconfiança” sobre estas entidades.

Francisco Rodrigues dos Santos indicou igualmente que, “quer sejam as autarquias, os grandes organizadores de eventos, as escolas, os lares e centros de dia não sabem comportamentos devem adotar, de modo a ter um comportamento preventivo”.

Por isso, lançou um desafio a António Costa: “que crie um gabinete de crise para tratamento e acompanhamento desta situação”, uma estrutura que “possa congregar membros do Governo, sobretudo da área da economia, das finanças, do turismo, dos transportes, da saúde, que reúna também representantes do setor da indústria, do comércio e de serviços e diretores hospitalares e representantes da Ordem dos Médicos e Enfermeiros, representantes das grandes distribuições”.

“Acho importantíssimo também para se tratar de uma resposta de saúde que seja eficiente, de modo a que os portugueses saibam, tenham as informações necessárias para responder de forma exemplar a estes casos”, salientou.

Na entrevista, o presidente do CDS assinalou ainda que “é importante conhecer-se qual é o plano de contingência que Portugal tem preparado para fazer face a esta epidemia à escala mundial” e defendeu “o impacto económico seja acautelado, sobretudo na indústria portuguesa que depende da importação de matérias-primas”.

Na ótica de Rodrigues dos Santos, devia existir uma “diversificação das cadeias de valor” e “uma subsidiação a quem tem de fazer esta importação”, para que “não seja colocado em causa o acesso a bens e serviços essenciais”.

“Portugal não pode correr o risco de perder esta guerra”, alertou, advogando “uma reposta sistémica” e que “as entidades políticas devem tranquilizar os portugueses”.

“Da parte do CDS teremos uma postura responsável mas não deixaremos de abrandar na crítica”, prometeu.

Na entrevista, Francisco Rodrigues dos Santos falou também no novo aeroporto que deverá ser construído no Montijo, considerando esta obra “fundamental para a economia”. Por isso, defendeu, “da parte dos partidos políticos, devem ser encetados todos os esforços para que Portugal não regrida, porque voltar a inaugurar esta discussão, é sinal de que Portugal perderá milhões e milhões de euros” e é eternizar “uma discussão que precisa de uma resposta emergente”.

Questionado sobre a proposta de alteração à lei que estabelece que a inexistência do parecer favorável de todos os concelhos afetados “constitui fundamento para indeferimento” da obra, o presidente do CDS defendeu que este assunto deve merecer “um amplo consenso nacional, neste caso entre o PSD, o CDS e o PS”.

Voltando às críticas a Costa, o líder dos centristas salientou que “esta estratégia um bocadinho belicista e confrontacional que o Governo tem encetado com a oposição tem impedido convergências em matérias de interesse nacional”, mas adiantou que o CDS irá avaliar “as soluções que o Governo apresentará”.

Falando ainda sobre as eleições autárquicas do próximo ano, nomeadamente numa possível coligação com o PSD para a Câmara de Lisboa, Francisco Rodrigues dos Santos observou que “o PSD, se tiver interesse em ganhar uma câmara como a capital do país, certamente que avaliará esta circunstância também à luz dos resultados anteriores, que colocam o CDS numa situação de dianteira”.