"O investimento foi zero. A máquina estava cá e servia outra área", descreveu esta manhã o presidente do conselho de administração do CHVNG/E, Rui Guimarães, chamando-lhe "um laboratório automático" que "evita muitos passos manuais que são obrigatórios fazer em outro contexto".

Já o diretor de serviço de patologia clínica do CHVNG/E, Agostinho Lira, descreveu à agência Lusa que a Roche Laboratórios tinha este equipamento instalado num outro serviço, um equipamento dedicado às dádivas de sangue e transfusões, tendo-o adaptado após "o lançamento de um teste novo", o qual, garantiu, "é muito seguro", sendo "um teste de grande precisão e valor".

A este propósito, Rui Guimarães frisou que a máquina está "validada tecnicamente" pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e estará "disponível para toda a gente que precise", sem esconder que foi criada "uma via verde para profissionais".

"É altura de solidariedade. Não é altura de disputar quem tem a máquina melhor ou consegue fazer mais do que o vizinho. Haja reagente e temos capacidade de pessoal para fazer testes 24 horas por dia. A máquina foi preparada num único fim de semana. E criámos uma via verde para os profissionais. Neste momento não temos de ter vergonha de discriminar positivamente os profissionais porque precisamos deles para trabalhar", referiu Rui Guimarães.

A capacidade diária desta máquina é de 1.000 testes/dia, um número que poderá não ser o realizado diariamente porque, como explicou Agostinho Lira, são necessários os reagentes num período em que "há limitação de consumíveis presentes no mercado".

"Todos os dias fazemos contas. O nosso país é pequenino e todos os dias lutamos muito e temos tido apoio da Roche, mas precisamos de muito mais para aquilo que o país necessita", disse o diretor de serviço de Patologia Clínica, esclarecendo que é Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, que tem esta máquina porque "a Roche experimentou a técnica num dos cinco hospitais de Portugal que têm este equipamento".

O encaminhamento dos testes no CHVNG/E continuará a ser feito como até aqui, através da Linha SNS24, mas agora para "Ferrari de diagnóstico", como lhe chamou Agostinho Lira, ou "numa máquina que é um bicho infernal", como referiu Rui Guimarães.

"Só com um bicho infernal conseguimos matar outro bicho infernal (…). Não é possível tecnicamente fazer rastreio a toda a população como muita gente defende (…). Ainda há muita gente que olha para esta situação de forma leviana. Se querem ajudar os profissionais de saúde, por favor fiquem em casa", frisou o presidente do conselho de administração.

A divulgação desta máquina, que é considerada um aparelho de testes covid-19 de última geração, ocorreu esta manhã no Hospital de Gaia, na ocasião em que a Câmara local formalizou a entrega a este hospital de três viaturas que ficarão dedicadas exclusivamente ao transporte de médicos que fazem visita domiciliária.

Paralelamente, a autarquia oficializou hoje a entrega ao hospital do centro de acolhimento do Parque Biológico, espaço que já acolhe profissionais de saúde, para o que o CHVNG/E entenda como necessário.

"Se vier a ser necessário o alojamento de pessoas de forma mais massiva, por exemplo. O hospital, que já começa a sentir muita pressão, saberá o que necessita. O nosso objetivo é ajudar o mais possível o hospital, quer na componente dos profissionais, quer na componente da resposta imediata aos cidadãos para tentar debelar o mais rapidamente possível os efeitos que esta pandemia está a ter", referiu o presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues.

O autarca contou, ainda, que está "em diálogo com o Governo" devido "à necessidade, quase certa, de ir buscar quartos ao setor privado".

E quanto a um ponto de situação sobre os lares de idosos e instituições de solidariedade social, Eduardo Vítor apontou que "o tecido social está a responder bem, mas tem problemas".

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 480 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 22.000.

Em Portugal, registaram-se 60 mortes, mais 17 do que na véspera (+39,5%), e 3.544 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 549 novos casos em relação a quarta-feira (+18,3%).

Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.