Atendendo à evolução da situação epidemiológica na região de Lisboa e Vale do Tejo, que reúne o maior número de casos de covid-19, e ao facto de o processo de vacinação dos funcionários estar praticamente concluído, o hospital decidiu propor à ‘task force’ vacinar os doentes internados que reúnem as condições para o fazer.

“Realmente eles foram extraordinários, disseram para avançar, e em três dias nós montámos esta operação” que “foi complicada porque tivemos que ver um a um os doentes, em termos de estado vacinal, de primeiras e segundas doses” e seguindo os critérios em vigor da Direção-Geral da Saúde, disse à Lusa a médica Helena Cristina Loureiro, que faz parte do grupo responsável pelo processo de vacinação dos profissionais do HFF.

O processo contou com a colaboração das enfermeiras-chefes que identificaram os doentes e dos médicos que analisaram se o doente face à sua patologia poderia ser vacinado.

“Falámos com a ‘task force’, fizemos o pedido, as vacinas estão cá e vamos fazer esta vacinação que achamos que vai contribuir para vacinar 200 doentes que estão em condições de serem vacinados e vão ficar melhores”, salientou Helena Cristina Loureiro.

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A enfermeira chefe do serviço de Pediatria, Helena Ribeiro da Silva, também responsável pela vacinação no HFF, adiantou, por seu turno, que está previsto administrar hoje cerce de 130 primeiras doses e cerca de 60 segundas doses aos doentes, alguns com 70, 80 e 50 anos.

Sobre a reação dos doentes, disse que foi muito positiva, contando que até os familiares ficaram contentes e dizem mesmo: ‘só vai para casa depois de fazer a vacina’.

Liliana Teixeira, 40 anos, recebeu com surpresa e satisfação a notícia de que ia receber a segunda dose da vacina no hospital, onde está internada desde 08 de junho.

“Estava a entrar em desespero porque tinha de levar a segunda dose no dia 21 [de junho] e estava internada”, contou à Lusa Liliana Teixeira, que, por ser doente de risco, foi chamada pelo centro de saúde para receber a primeira dose.

Depois de ouvir as indicações do enfermeiro sobre possíveis reações à vacina e de ser vacinada, a doente desabafou que agora já vai mais descansada para a cirurgia que tem de realizar.

Um sentimento partilhado por Carlos Antunes, 41 anos, que ainda não tinha sido chamado para fazer a vacina. “Aceitei logo, é uma mais-valia”, disse, confessando que ficou ainda “mais feliz” ao saber que ficou imunizado apenas com uma toma, uma vez que recebeu a vacina da Janssen.

Internada pela terceira vez no HFF, Cristina Pereira, 56 anos, já tinha sido chamada para receber a primeira dose, mas não pôde ir porque estava hospitalizada.

Quando soube que o podia fazer no hospital e que ficava imunizada apenas com uma toma ficou contente: “Foi uma boa notícia, já não tenho que me preocupar com isso lá fora e isso é ótimo”.

Além disso, realçou: “é bom saber que vou ficar protegida ou, pelo menos, que começo a ter proteção daqui para a frente”, o que dá “um pouco mais” de segurança.

As vacinas chegaram ao hospital escoltadas por um segurança e depois foram transportadas por profissionais de saúde para os diversos serviços, para serem administradas pelos enfermeiros desses serviços.

“A ideia é ter o maior número de pessoas vacinadas nesta zona do Hospital Amadora-Sintra, porque temos neste momento os serviços a ficarem cheios de doentes (…) e a ideia é tentar proteger as pessoas e vacinar o maior número possível”, salientou a enfermeira-chefe.

Segundo Helena Ribeiro da Silva, o hospital tem doentes internados com covid-19, com primeiras e segundas doses da vacina, e com outras doenças, sendo também mais jovens.

“Neste momento, mudámos os doentes muito idosos para doentes mais jovens. Há pessoas com 50, 40 anos e por aí fora, comentou.

A médica Helena Cristina Loureiro lembrou que o HFF foi “muito fustigado” pela pandemia e lamentou que se esteja a entrar “numa outra fase muito complicada”.

“O nosso hospital foi muito fustigado em janeiro, fevereiro e as pessoas estão muito atentas a tudo que é tratamento dos doentes não covid, que não podemos deixar para trás, mas também a prevenir quando podemos fazê-lo e isto entra nessa vertente da prevenção”, salientou.

A médica salientou o empenho dos profissionais neste processo de vacinação dos doentes: “A farmácia foi excelente e prepara isto tudo, são quatro marcas [de vacinas] que estamos a fazer, a distribuir pelo hospital inteiro, temos 800 camas”.

“É uma logística que não foi fácil de operacionalizar e toda a gente se chegou à frente, porque na verdade os profissionais de saúde querem também prevenir”, disse, rematando: “Está nas mãos de todos com as lavagens das mãos, com o uso de máscara, o distanciamento, mas quem pode faz mais alguma coisa e nós podemos e fazemos”.