Na Eletrofisiologia tratam-se arritmias rápidas (taquiarritmias) por exemplo recorrendo à realização de estudos eletrofisiológicos e ablação, e tratam-se também bradiarritmias (batimentos lentos) por exemplo, através da implantação de pacemakers.

A fibrilhação auricular é, atualmente, a arritmia mais frequentemente encontrada na prática clínica e associa-se a fatores de risco não modificáveis como a idade, e a fatores de risco modificáveis, isto é, que podem ser tratados ou até prevenidos, como a diabetes, a hipertensão e a obesidade.

A fibrilhação auricular associa-se a um maior risco de acidente vascular cerebral (AVC) e a sua prevenção, através de medicação hipocoagulante, é uma das pedras basilares do seu tratamento. A outra é o controlo apertado dos fatores de risco acima referidos.

Um aspeto não menos importante é o tratamento dos sintomas causados pela irregularidade do batimento cardíaco associado à fibrilhação auricular. Para isso, existem medicamentos antiarrítmicos, que podem ser utilizados após uma cuidadosa avaliação médica, e existe também a possibilidade de efetuar um estudo eletrofisiológico com ablação, procedimento que tem mostrado ser mais eficaz para tratar e prevenir o reaparecimento da fibrilhação auricular. Geralmente, o primeiro procedimento de ablação passa pelo isolamento das veias pulmonares e este é, hoje em dia, um dos procedimentos mais frequentemente realizados nos laboratórios de eletrofisiologia podendo recorrer à utilização de diferentes tipos de energias (radiofrequência, crioablação ou eletroporação). Nestes procedimentos, através de um acesso na veia femoral, os cateteres chegam até à aurícula esquerda, onde se farão as aplicações que irão fazer o isolamento das veias pulmonares, com a orientação de raios-X e/ou de um sistema de navegação eletroanatómico tridimensional.

A probabilidade de sucesso do procedimento vai diminuindo à medida que a doença vai evoluindo e que os fatores de risco se vão acumulando, por isso, uma atempada avaliação médica especializada pode ser determinante no sucesso do tratamento.

O crescente avanço e grau de especificidade associado à Eletrofisiologia exige um grande treino e uma forte diferenciação dos seus profissionais. Na consulta de Arritmologia, um médico especializado poderá ajudá-lo a perceber quando e como o seu coração pode voltar a bater de forma pausada e regular.

Um artigo de Ana Margarida Lebreiro, médica cardiologista no Hospital de São João, no Porto, e subespecialista em Electrofisiologia Cardíaca.