“Temos de ser muito disciplinados, muito coesos, muito bem organizados. Fazermos todos parte da solução porque o vírus tem a sua dinâmica e se não a contrariarmos ele vai propagar-se”, assinalou Graça Freitas.
A diretora-geral da Saúde falava na conferência de imprensa diária de atualização de dados da pandemia em Portugal na qual foi questionada sobre os discursos ouvidos na quinta-feira que apontaram para um início do levantamento de restrições a partir de maio, ainda que tenha sido decidido prolongar o estado de emergência.
Graça Freitas sublinhou que o regresso à atividade normal será feito “de forma equilibrada”, apontando que a população portuguesa “vai ter de aprender a viver com três dinâmicas diferentes: a dos serviços de saúde, a da sociedade e a do próprio vírus”.
“Se conseguirmos fazer isto não abolimos os efeitos negativos da pandemia, mas pelo menos mitigamos e reduzimos, conciliando com o que desejamos que é voltar a ter uma atividade social e económica como tínhamos antes da era covid”, referiu.
Graça Freitas descreveu que “as medidas de contenção permitiram achatar a curva” portuguesa, frisando que “cumpriram a sua função”, ou seja, o achatamento da curva para permitir que o sistema de saúde “gerisse a resposta”.
“E temos agora de ir levantando as medidas de contenção e ao mesmo tempo contrariar a atividade do vírus”, sublinhou, apontando que Portugal vai “regressar à normalidade possível, mas essa normalidade vai ter de ser balançada com outras praticas no dia a dia”.
Questionada sobre o ritmo de abertura de serviços em outros países, bem como com as medidas implementadas fora de Portugal, nomeadamente no que se refere à obrigatoriedade de uso de máscaras em alguns territórios, Graça Freitas afirmou que “cada país adapta as medidas à sua realidade”.
“Obviamente temos uma serie de pessoas da academia e da DGS a analisar os dados e os dados comparativos com vários países e comparamos não só a data de início das epidemias – nem todos os países iniciaram da mesma forma – e como é que tem sido essa evolução. Há países com curvas completamente diferentes”, introduziu.
Sobre o uso de máscaras, a diretora-geral da Saúde apontou que essa é “mais uma medida barreira”, mas sem especificar se o uso poderá ou não vir a ser obrigatório em Portugal e recordando outras medidas de prevenção como a higiene das mãos, o distanciamento social, a etiqueta respiratória e a limpeza das superfícies porque, acrescentou, “o vírus permanece durante horas ou dias”.
“Isto é para nos permitir retomar a atividade, mas ainda com muitos cuidados e muitas alterações à nossa rotina antes deste novo vírus e da doença”, reafirmou Graça Freitas.
Já antes, no período de intervenção inicial o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, foi igualmente cauteloso quanto ao levantamento de medidas restritivas, um dia depois de ter sido renovado o estado de emergência em Portugal.
“Estamos a começar a terceira quinzena de estado de emergência e precisamos de renovar também a confiança de que este é o caminho que todos temos de continuar a percorrer e de que infelizmente não há atalhos”, referiu o governante.
O secretário de Estado apontou que “interessa neste momento decisivo e de grande responsabilidade” que “não se deite a perder os resultados do enorme sacrifício das últimas semanas”.
Portugal regista hoje 657 mortos associados à covid-19, mais 28 do que na quinta-feira, e 19.022 infetados (mais 181), indica o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde.
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