Um ano após a declaração da COVID-19 como pandemia mundial, milhões de infetados e semanas de confinamento, todas as atenções estão viradas para a resposta que a vacinação em massa trará. A vacina irá proteger-nos contra a doença e as suas complicações, mas é importante referir que, apesar de muito eficaz, a vacina não evita completamente o risco de infeção. Ainda assim, todos nos perguntamos como mudará a nossa vida após a toma da vacina contra a COVID-19.

Atualmente, das cerca de dez vacinas disponíveis a nível mundial, a União Europeia já autorizou a administração de quatro vacinas. O grande objetivo europeu é chegar ao final do verão com 70% dos adultos imunizados.

É expectável que a vacinação confira imunidade individual por um período de pelo menos um ano e, assim, será possível que as pessoas totalmente vacinadas possam retomar hábitos que abandonaram por causa da pandemia.

Em Portugal, a primeira fase de vacinação está a terminar com cerca de 6% da população totalmente vacinada e 15% inoculada com pelo menos uma dose da vacina, esperando-se o arranque da segunda fase da campanha de vacinação em meados de abril, passando a idade a ser um critério prioritário.

E depois de tomar a vacina ainda é necessário usar máscara e manter o distanciamento? A resposta é: Sim!

Todas as pessoas, devem manter o uso de máscara, cumprir as medidas de etiqueta respiratória, o distanciamento social e a higienização das mãos. E existem várias razões para estas precauções se manterem. A primeira é que a pessoa vacinada só é considerada protegida duas semanas após a toma da segunda dose da vacina.

Em segundo lugar, ainda estamos a aprender qual o efeito a longo prazo destas vacinas – será que nos vão proteger de ficar infetados ou de transmitir a doença a outra pessoa, mesmo não tendo sintomas? Ainda não se sabe. Outro motivo é que ainda não existem estudos relativos ao uso da vacina em alguns grupos etários como, por exemplo, nas crianças.

Como tal, estes grupos vão continuar a correr o risco de ficar infetados e de transmitirem a doença a outras pessoas. Por último, como ainda há poucas vacinas para chegar a toda a população, o objetivo desejado de imunidade de grupo ainda demorará a ser atingido.

No futuro próximo, em que grande parte da população esteja vacinada, será possível:

  • Estar dentro de casa com outras pessoas totalmente vacinadas sem usar máscara;
  • Estar em ambientes fechados com pessoas não vacinadas de outro agregado familiar sem usar máscara, desde que nenhuma dessas pessoas tenha um risco aumentado de doença grave de COVID-19.
  • Se estiver em contacto com alguém que tenha COVID-19, não precisará de fazer isolamento ou até de realizar o teste, a não ser que desenvolva sintomas.

Até lá, depende de cada um de nós manter as medidas de proteção individual, não só pela nossa saúde como também a dos outros.

Um artigo do médico Nuno Costa Monteiro, especialista em Medicina Geral e Familiar no Hospital CUF Descobertas.