“Brevemente nós vamos apresentar o plano de vacinação, que será uma porta de esperança para todos”, anunciou o chefe do Governo, na cidade da Praia, durante a inauguração do laboratório de testes da empresa de produção de medicamento Inpharma, o primeiro privado no país, que poderá analisar até 1.500 amostras por dia.

O primeiro-ministro alertou que o facto de o país vir a ter um plano de vacinação não quer dizer que se deve desarmar e desproteger. “É preciso continuar a proteger, continuar a respeitar as normas e, ao mesmo tempo, estarmos preparados para que a vacina aconteça”, apelou.

Ulisses Correia e Silva disse que já foi criada uma comissão para elaborar o plano e que brevemente será apresentado pela Direção Nacional da Saúde, com todos os parâmetros definidos, como escolha e a definição do tipo de vacinas, a calendarização e cronograma e os grupos prioritários.

Para já, o primeiro-ministro não perspetiva uma data para começar a vacina a população cabo-verdiana, mas garantiu que o Governo já começou o processo de seleção das várias vacinas no mercado.

“Aquilo que temos já mais adiantado é o processo de financiamento”, apontou Ulisses Correia e Silva, referindo aos cinco milhões de dólares (4,18 milhões de euros) do Banco Mundial, anunciados em 27 de novembro pelo vice-primeiro-ministro cabo-verdiano, Olavo Correia.

Além desse valor, o também ministro das Finanças disse que o Governo está a analisar a possibilidade de mobilizar mais 15 milhões de dólares (12,5 milhões de euros) ao nível de um programa da sub-região da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

“Com esses montantes, 20 milhões de dólares americanos, vamos conseguir garantir a vacinação para todos os cabo-verdianos”, garantiu o ministro na altura.

Em declaração aos jornalistas, o primeiro-ministro fez o ponto de situação da covid-19 no país, notando que Santiago está a baixar os níveis de transmissão, com “números consistentes” na Praia, mas mostrou-se preocupado com o recrudescimento de casos em São Vicente e Fogo.

“É continuar a dar o bom combate, primeiro relativamente à capacidade de resposta da testagem, capacidade de fazer com que as pessoas cumpram as regras e, ao mesmo tempo, uma forte vontade de todos, para que possamos baixar o nível de transmissão nessas duas ilhas”, apelou.

Para o período festivo de Natal e Ano Novo, o primeiro-ministro disse que as orientações são mais genéricas e não vão divergir muito daquelas que estão em vigor, avisando, porém, que não vai ser possível fazer as tradicionais festas nessas duas alturas com ajuntamento de pessoas.

“Vamos ter que conter porque o vírus ainda circula. A Praia está a reduzir o número de casos, mas temos casos. E não podemos fazer com que o mês de dezembro possa aumenta o número de casos”, alertou ainda o primeiro-ministro.

Até segunda-feira, Cabo Verde tinha um acumulado de 11.098 casos positivos de covid-19 desde 19 de março, dos quais 109 óbitos, dois transferidos e 10.676 os casos recuperados, correspondendo a 96% do total de casos acumulados já notificados.

A pandemia já provocou pelo menos 1.545.320 mortos resultantes de mais de 67 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.