Lamentando que a preparação do processo para a primeira fase de vacinação contra a covid-19 por convocatória dos centros de saúde tenha decorrido sem qualquer contacto com o município, o presidente da Câmara Municipal de Benavente (distrito de Santarém), Carlos Coutinho (CDU), disse hoje à Lusa que deu nota das suas preocupações ao Agrupamento de Centros de Saúde do Estuário do Tejo, com sede em Vila Franca de Xira (Lisboa), que integra o concelho.
Desse contacto resultou a aceitação da proposta de que a vacinação dos munícipes com mais de 50 anos e com doenças consideradas de elevado risco e dos que têm mais de 80 anos, incluídos nesta primeira fase, decorra no Centro Cultural de Samora Correia e não na Unidade de Saúde Familiar, como estava previsto, por considerar que esta não tem as devidas condições.
Além desse local, que até ao final desta semana estará adaptado respondendo às exigências colocadas pelas autoridades de saúde, o município propôs adaptar o Centro Cultural de Benavente, para que a vacinação possa decorrer em dois pontos do concelho, em dias alternados, sem necessidade de mais recursos humanos.
“O que propusemos é que seja planeado”, disse. O objetivo é que as pessoas que recebem a mensagem do centro de saúde e aceitam ser vacinadas "o possam ser efetivamente, mesmo que residam fora dos centros urbanos", disse.
A proposta, afirmou Carlos Coutinho, é que, ao invés de chamar aleatoriamente os que respondem favoravelmente, os cidadãos sejam chamados por áreas de residência, disponibilizando-se a autarquia para ir buscar os munícipes que vivem fora dos centros urbanos de Samora Correia e de Benavente.
“Como está planeado, não é a melhor forma”, afirmou, salientado que o grupo que vai começar a ser convocado para vacinação integra pessoas doentes e idosas, com dificuldades de mobilidade e de acesso aos pontos de vacinação previstos apenas num local em cada concelho.
“As estruturas [de saúde] estão recetivas, mas é preciso afinar procedimentos, nomeadamente informáticos”, disse, sublinhando que, além do transporte, a autarquia pode disponibilizar recursos humanos.
Aos 11 elementos que estão já envolvidos no rastreamento, podem juntar-se funcionários administrativos, frisou, salientando que, num processo complexo, que vai prolongar-se ao longo dos próximos meses, está envolvida uma “logística gigantesca”, que necessita de todos os contributos.
Num ponto de situação sobre os surtos de covid-19 em lares do concelho, Carlos Coutinho afirmou que nas cinco instituições onde existem utentes infetados com o novo coronavirus a situação está controlada, com a maioria dos utentes do lar da Santa Casa da Misericórdia, onde se registaram até ao momento 17 mortes, “já em área limpa”.
Lamentando o elevado número de mortes provocadas pela covid-19 entre utentes de instituições do concelho (40 no total), o presidente disse esperar que a tendência de diminuição de novos casos ativos na comunidade, que se vem verificando nos últimos dias, se traduza numa “redução significativa” a partir da próxima semana.
Além do lar da Santa Casa da Misericórdia, que tem ainda alguns utentes hospitalizados, o Lar Padre Tobias, onde se registaram três óbitos, tem 37 utentes e 10 funcionárias infetados, enquanto no lar Cantinho da São, em Samora Correia, há 22 utentes infetados, tendo morrido sete idosos.
No lar residencial do CRIB, que acolhe pessoas com deficiência, há 19 utentes e 10 funcionárias infetados, mas o autarca disse esperar que os testes feitos esta semana venham reduzir substancialmente esse número.
No lar Felicidade Verdadeira, que registou um óbito, há ainda 12 utentes e cinco funcionárias com covid-19.
Sobre o lar não legalizado Cantinho Sénior, que foi evacuado no passado dia 13 de janeiro depois de 43 dos 44 utentes terem sido infetados, Carlos Coutinho afirmou que, até ao momento, se registaram 12 mortes, quatro das quais de idosos transferidos para o Hospital de Vila Franca de Xira (onde ainda permanecem dois internados) e oito de doentes que foram internados no Centro Hospitalar do Médio Tejo depois da transferência de 35 utentes para a estrutura de retaguarda situada em Fátima.
Segundo o autarca, ainda permanecem na estrutura de retaguarda muitos dos idosos transferidos, sendo que, dos que já tiveram alta, alguns foram levados para casa por familiares, dois estão numa instituição em Rio Maior e outro em Salvaterra de Magos. Espera-se que durante o dia de hoje sejam colocados outros quatro noutras instituições.
Carlos Coutinho afirmou que a procura de soluções para estes idosos está a ser conduzida pela Segurança Social.
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