“O próximo momento decisivo tem a ver com a aprovação da vacina da AstraZeneca, é possível e há indícios de que ainda ocorra em janeiro. Soubemos que a empresa entregou todo o dossier na Agência Europeia do Medicamento (EMA) e isso significa que se esse cenário se confirmar teremos em fevereiro e março mais 1,4 milhões de doses de vacinas para administrar, o que quer dizer que poderemos tornar este processo mais rápido”, afirmou Francisco Ramos.

Numa intervenção proferida na reunião no Infarmed entre políticos, epidemiologistas e especialistas em saúde pública, o responsável pela coordenação do processo de vacinação contra a covid-19 reconheceu, porém, que “dificilmente” o país irá além dos grupos prioritários estabelecidos para a primeira fase neste trimestre.

Em relação aos próximos passos na vacinação, Francisco Ramos destacou que, face à formalização da decisão da EMA em utilizar seis doses por cada frasco, o planeamento de inoculações já é totalmente feito com seis doses. Os números da vacinação indicam que na primeira semana, entre 27 de dezembro e 03 de janeiro, foram administradas 5,39 doses por frasco, enquanto na semana de 04 a 08 de janeiro foram administradas 5,61 doses por frasco.

“O que está planeado dá, claramente, prioridade aos utentes de lares e internados na rede de cuidados continuados integrados”, referiu também o coordenador da ‘taskforce’, realçando que para esta semana foram reservadas 39.286 doses para este grupo prioritário, além de 8.384 para profissionais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

“Na semana de 18 janeiro há 29.970 profissionais que vão levar a segunda dose e na semana seguinte 34.590. No final de fevereiro teremos condições de terminar a vacinação de todos os residentes em lares, internados em cuidados continuados e respetivos profissionais” disse, salientando que até ao final deste mês será finalizado o sistema de marcação de vacinação.

Por fim, Francisco Ramos anunciou que “não há nenhuma notificação de reação adversa” à administração da vacina e garantiu que o nível de “rejeição da vacinação está a reduzir” entre os portugueses.

O plano de vacinação contra a covid-19 em Portugal começou em 27 de dezembro nos hospitais, abrangendo os profissionais de saúde, e já se estendeu aos lares de idosos.

A primeira fase do plano, até final de março, abrange também profissionais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos. Nesta fase, serão igualmente vacinadas, a partir de fevereiro, pessoas de idade igual ou superior a 50 anos com pelo menos uma das seguintes patologias: insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal ou doença respiratória crónica sob suporte ventilatório e/ou oxigenoterapia de longa duração.

A segunda fase arranca a partir de abril e inclui pessoas de idade igual ou superior a 65 anos e pessoas entre os 50 e os 64 anos, inclusive, com pelo menos uma das seguintes patologias: diabetes, neoplasia maligna ativa, doença renal crónica, insuficiência hepática, hipertensão arterial, obesidade e outras doenças com menor prevalência que poderão ser definidas posteriormente, em função do conhecimento científico.

Na terceira fase, será vacinada a restante população, em data a determinar. As pessoas a vacinar ao longo do ano serão contactadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).

O estado de emergência decretado em 09 de novembro para combater a pandemia foi renovado com efeitos desde as 00:00 de 08 de janeiro, até dia 15.