Estas foram duas linhas centrais do discurso que António Costa proferiu na cerimónia de assinatura do contrato para a construção de um navio multifunções da Marinha, o “D. João II”, que terá um custo de 132 milhões de euros com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e também investimento estatal.
A construção deste navio ficará a cargo dos estaleiros holandeses Damen e o contrato foi assinado no Museu de Marinha, numa cerimónia também com a presença das ministras da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e da Defesa, Helena Carreiras, e do chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Henrique Gouveia e Melo.
António Costa pegou precisamente no facto de este contrato para a construção do navio ter sido assinado com uma empresa holandesa, de um Estado-membro que tradicionalmente se opõe a um crescimento das contribuições para a União Europeia e que maiores dificuldades levantou à conclusão do acordo para a criação de um mecanismo de recuperação e resiliência.
Sem nunca se referir ao euroceticismo em crescimento entre os eleitores dos Países Baixos, o líder do executivo português disse que lhe dá “particular gosto que o contrato tenha sido assinado com uma empresa holandesa, demonstrando, aliás, que a solidariedade europeia não é só unívoca”.
“Uma parte importante do financiamento que a União Europeia fornece aos diferentes países tem um retorno e uma distribuição múltipla para vários Estados-membros, designadamente para os que mais contribuem para o funcionamento da União Europeia. Com esta solidariedade, potenciamos também o conjunto da União Europeia”, declarou.
Na sua intervenção, António Costa referiu-se também ao período da covid-19, em que o almirante Gouveia e Melo liderou a organização das primeiras vagas de vacinação em Portugal, e elogiou o atual chefe de Estado Maior da Armada para ter concebido o projeto de Plataforma Naval Multifuncional.
”O navio D. João II é uma grande oportunidade para se alavancar o conhecimento e a investigação na área do mar, produzindo-se recursos que sejam valorizados através da economia azul”, disse, antes de acentuar que o PRR foi pensado “num momento muito difícil” em que o mundo enfrentava a ameaça de uma pandemia.
“Ao mesmo tempo em que cada um estava empenhado em fazer o combate que a pandemia impunha, tínhamos de preparar e construir o futuro pós-pandemia. Foram tempos difíceis para fazer tudo ao mesmo tempo, pensar na emergência e, simultaneamente, planear o pós-emergência. Felizmente foi possível que assim acontecesse”, concluiu.
António Costa, no seu discurso, realçou igualmente a importância da Marinha em missões de busca e salvamento, atuação em situação de emergência, apoio aos órgãos de polícia criminal, sendo “um grande centro produção de conhecimento, de investigação e de desenvolvimento tecnológico”.
“A Marinha tem estado sempre na vanguarda”, sustentou.
A Plataforma Naval Multifuncional, cujo conceito foi desenvolvido pelo almirante Henrique Gouveia e Melo, é um projeto financiado pelo PRR no valor de 94,5 milhões de euros e com verbas estatais correspondentes a 37,5 milhões, desenvolvendo-se o investimento por fases até 2026.
O Navio da República Portuguesa (NRP) D. João II terá tecnologia de ponta que vai permitir a monitorização dos oceanos e investigação oceanográfica bem como o acompanhamento da ecologia marinha. Estará também apto para operações de emergência, vigilância, investigação científica e tecnológica e monitorização ambiental e meteorológica, funcionando como um ‘porta drones’ aéreos, terrestres e submarinos.
Comentários