Um menor investimento do Estado nas Comunidades Terapêuticas no tratamento de adições pode resultar no aumento de pessoas presas e numa maior exclusão social, alertam as Comunidades Terapêuticas (CT) num documento que vão entregar ao ministro Mota Soares.

“Em período de crise, um enfraquecimento da resposta do Estado na subvenção das Comunidades Terapêuticas, resposta terapêutica cuja eficiência está demonstrada em Portugal e no estrangeiro, significaria aumentar as vagas de encarceramento prisional para esta população e aumentar o drama social e familiar que os problemas das dependências representam”, começa o documento.

O texto vai ser entregue ao ministro da Solidariedade e Segurança Social, Pedro Mota Soares, durante o congresso “Comunidades Terapêuticas: Resposta Essencial ao Sucesso do Tratamento de Adições”, que decorre em Lisboa nos dias 15 e 16 de dezembro.

No documento, as CT alertam para o facto de um possível desinvestimento nestas respostas ao tratamento do álcool e de drogas poder representar “não só um passo atrás na evolução da resposta científica aos problemas das adições, como repetir situações do passado, em que os cidadãos não tinham respostas credíveis e profissionais para estes problemas”.

“As CT são instrumentos basilares, que funcionam em rede com múltiplas estruturas da sociedade, são autênticos alicerces na resposta ao referido incremento e para elas não há alternativa”, lê-se no documento.

No entender das CT, estas comunidades são igualmente fundamentais no tratamento de dependências sem substância, como o jogo, a internet ou as compras e chamam a atenção para o facto de haver substâncias a serem vendidas legalmente, embora o seu efeito aditivo esteja comprovado, como é o caso das anfetaminas.

Defendem que existe uma “necessidade e fundamento claro para a existência” das CT e lembram que não há atualmente outras alternativas.

“Se a resposta das comunidades terapêuticas desaparecer ou enfraquecer significativamente, pessoas não tratadas e altamente dependentes retornarão à sociedade frustradas e revoltadas com as consequências previsíveis a nível de ordem social e pública”, sublinham as CT.

Acrescentam que sem esta solução, só restará à sociedade a aposta em meios repressivos através do sistema judicial e do encarceramento prisional.

De acordo com fonte da organização do congresso, com base em dados do Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT), existiam em outubro de 2011 59 CT licenciadas, mas a mesma fonte adiantou que o número atual será à volta das 49, com algumas unidades a terem-se fundido e outras a terem encerrado, como as CT de Nova Fronteira, Casa Monte da Lua, Provilei e Vila Vitória.

13 de dezembro de 2011

@Lusa