Uma equipa multidisciplinar de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) identificou, em extractos de plantas – capim-limão, orégão e uma espécie de tomilho - compostos que actuam sobre Giardia lamblia, parasita responsável pela Giardiose, doença caracterizada por graves infecções no intestino dos humanos, por vezes fatais.
A caracterização destes compostos activos resultam de cinco anos de pesquisa, liderada pelo investigador Carlos Cavaleiro, do Centro de Estudos Farmacêuticos da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), e podem vir a fundamentar alternativas terapêuticas para o tratamento da Giardiose, doença que, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), afecta, anualmente, 280 milhões de pessoas em todo o mundo, especialmente crianças. A maior taxa de prevalência verifica-se nos países em desenvolvimento.
Apesar de serem necessários mais estudos e ensaios para demonstração da eficácia e segurança destes compostos, os resultados já disponíveis são indicadores «do elevado potencial para virem a ser utilizados como novas estratégias terapêuticas, menos tóxicas e de menor custo, para combate da Giardiose. Os actuais medicamentos para tratar a doença são pouco eficazes, têm elevada toxicidade e são muito caros. Por outro lado, apresentam já problemas de resistência do parasita», explica o coordenador da investigação.
Observando que a maior incidência da doença se verifica nos países menos desenvolvidos e que atinge essencialmente crianças, «o desenvolvimento de fármacos a partir destes compostos de origem natural podem ser alternativas com grande impacto nessas regiões», reconhece Carlos Cavaleiro.
Identificados os compostos e elucidados os seus mecanismos de acção (como actuam sobre o parasita, in vitro) os resultados vão agora entrar em fase de validação, em ensaios em animais.
O Centro de Estudos Farmacêuticos da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra é possuidora de um importante banco de extractos de plantas originárias das mais diversas regiões do globo, onde são pesquisados novos compostos com actividade biológica, p. ex., com actividade antiprotozoária, antifúngica ou anti-inflamatória.
Como curiosidade, «sabia que 90 por cento das espécies vegetais nunca foram objecto de qualquer estudo quanto ao seu potencial químico para servir a medicina ou a indústria farmacêutica?».
20 de junho de 2011
Fonte: Lusa/SAPO
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