“Esta decisão [criação da ULS] foi tomada à revelia e sem consulta, nem dos profissionais dos cuidados de saúde primários, nem dos utentes ou seus representantes”, afirmou Aires Rodrigues, membro da comissão, à agência Lusa.
Segundo Aires Rodrigues, a ULS, que deverá abranger Alcobaça, Batalha, Leiria, Marinha Grande, Nazaré, Pombal, Porto de Mós e Ourém, “foi uma deliberação tomada sem consulta das pessoas diretamente envolvidas por esta decisão”.
Em outubro de 2022, a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL) anunciou que iria propor à tutela a criação de uma ULS, por entender que esta estrutura pode “melhorar o funcionamento da prestação de cuidados de saúde”.
A CIMRL integra os municípios de Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Pombal e Porto de Mós.
Já em dezembro de 2022, o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde, Fernando Araújo, determinou a criação de um grupo de trabalho que tem como missão elaborar o plano de negócios da futura ULS.
Ainda neste mês, a CIMRL informou que os municípios de Alvaiázere, Ansião, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, no norte do distrito de Leiria, não vão integrar a ULS da Região de Leiria.
Já em fevereiro, foi criada a Comissão de Profissionais dos Cuidados de Saúde Primários contra a ULS da Região de Leiria e lançado um abaixo-assinado, agora subscrito por 372 profissionais do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Pinhal Litoral contra a criação da ULS.
A comissão “nasce da frustração” que os profissionais de saúde de proximidade das populações sentem perante um processo no qual não foram ouvidos e no qual “nem foram consideradas” as suas “legítimas preocupações e justificadas reservas em relação ao modelo ULS”.
O ACES Pinhal Litoral integra os concelhos da Batalha, Leiria, Marinha Grande, Pombal e Porto de Mós.
Aires Rodrigues adiantou que na reunião marcada para dia 30 pretende-se, também, informar a população da situação que “se está a viver no centro de saúde” da Marinha Grande, “em particular com o facto de não estar a funcionar o SAP [Serviço de Atendimento Permanente] e de continuar a haver problemas” com “o aumento da falta de médicos de família”.
“Neste momento, na Marinha Grande, são cerca de 7.500 utentes sem médico de família”, referiu.
Num comunicado emitido na terça-feira à noite, a Comissão de Utentes em Defesa do SAP 24 Horas da Marinha Grande antecipa “dias muito difíceis” no setor da saúde no concelho.
“Os últimos desenvolvimentos na área da saúde local de que tivemos conhecimento, a nosso ver, significam um profundo ataque que pode pôr em causa, de forma parcial, os serviços de saúde públicos no concelho”, adiantou aquela organização, considerando que “falar de planos de negócios” significa “desprezo pelas necessidades dos utentes” e “pouco se vai importar com a qualidade dos serviços prestados, mas, sim, com os resultados financeiros”.
A reunião, às 21:00, decorre no edifício da Resinagem, com a comissão a apelar para a mobilização da população, para “ver quais os passos a tomar em relação à situação que se está a viver atualmente”.
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