O método, descrito na Nature Medicine, previu a recaída, na amostra de pacientes examinada, com 85% de precisão, uma melhoria significativa dos 66% de precisão alcançada pelo método de estratificação de risco usado no diagnóstico atual. O método examina as células cancerígenas uma de cada vez usando citometria de massa, uma técnica desenvolvida por um dos investigadores.

Através de dados sobre o estágio de desenvolvimento e o comportamento de sinalização das células, os cientistas descobriram como identificar um pequeno subconjunto de células malignas que, se presentes, predispõem o paciente a recair. Esta técnica pode ajudar a identificar quais os pacientes com leucemia linfoblástica aguda que precisam de uma abordagem diferente para o tratamento do cancro, e pode fornecer boas pistas sobre como encontrar novos fármacos para direcionar as células cancerígenas mais mortais, disseram os investigadores.

"Este estudo contribuiu para a nossa capacidade de estratificar melhor os pacientes e não tratá-los todos da mesma maneira", disseram os investigadores. A leucemia linfoblástica aguda pediátrica é o cancro infantil mais comum, sendo diagnosticado em cerca de 3 mil crianças por ano, só nos Estados Unidos.

"A leucemia linfoblástica aguda é um cancro muito bem caracterizado, que já tem uma medida robusta de predição de risco, mas o risco final de recaída geralmente não é conhecido até poucos meses após o tratamento, e mesmo assim, ainda há pacientes que não sobrevivem; e mesmo com as ferramentas de previsão existentes, quando identificamos alguém como sendo de alto risco para recaída, não sabemos o faz com o que o risco seja aumentado”, continuaram os especialistas.

Pesquisas anteriores sugeriram fortemente que a recaída pode ser causada por algumas células resistentes ao tratamento que estão presentes desde o início da doença. Por isso, os investigadores utilizaram a citometria de massa para testar amostras de medula óssea retiradas de 60 pacientes com a doença no momento do diagnóstico. Cada paciente tinha de 3 a 15 anos de registos médicos de acompanhamento disponíveis para análise, incluindo informações sobre se haviam recaído.

Para identificar as células problemáticas entre os milhões de células de cada amostra, os investigadores tiveram de descobrir como organizar os dados. A solução encontrada pela equipa foi comparar as células leucémicas com as células normais mais semelhantes ao longo da trajetória do desenvolvimento de células B saudáveis.

Dos 15 estágios celulares de desenvolvimento examinados, as células malignas que surgiram de apenas dois estágios adjacentes na maturação das células B, os estágios pró-B2 e pré-B1, foram consideradas as más: se esses tipos específicos de células malignas tivessem certo comportamento de sinalização ao diagnóstico, era quase certo que os pacientes recaiam após a quimioterapia padrão.

"A biologia das células estaminais está a evoluir, e nós aprendemos muito sobre como o desenvolvimento normal ocorre, e podemos usar isso para entender melhor o cancro”, esclareceram os cientistas.

Quando o novo método para predizer a recaída foi combinado com os métodos existentes com base na resposta precoce do paciente ao tratamento, os resultados foram melhores do que aqueles obtidos por qualquer método isolado.

Os investigadores querem agora validar o seu método com um número maior de pacientes e avaliar se a mesma abordagem geral pode prever recaída noutras formas de cancro. Além disso, uma vez que o método fornece informações sobre células resistentes ao tratamento, os pacientes com alto risco de recidiva podem beneficiar de tratamentos específicos para essas células.

Fonte: PIPOP