Rick Bright, ex-diretor da Autoridade Biomédica de Pesquisa e Desenvolvimento Avançado, um organismo governamental, apresentou queixa pela forma como foi afastado do seu cargo junto do Gabinete de Conselho Especial, uma agência que recebe e analisa denúncias.
Bright alega que foi transferido para um cargo de menor relevância depois de avisar sobre os riscos do patrocínio que Donald Trump fez para a aplicação de um medicamento usado no tratamento da malária (hidroxicloroquina) nos doentes com o novo coronavírus, nos Estados de Nova Jersey e de Nova Iorque, epicentro da pandemia nos EUA.
O cientista alega na denúncia que os responsáveis políticos do Departamento de Saúde e Serviços Humanos tentaram promover a hidroxicloroquina “como uma panaceia”, alinhados com os apelos do Presidente, que usou os seus ‘briefings’ diários na Casa Branca para recomendar esse químico.
Bright diz ainda que as autoridades de saúde “exigiram que Nova Iorque e Nova Jersey fossem inundadas com esses medicamentos, que foram importados de fábricas no Paquistão e na Índia, sem terem sido inspecionados” pelas entidades competentes.
O cientista alega que sempre se opôs ao amplo uso desse químico, alegando que não existem evidências científicas para recomendar a sua aplicação em pacientes com a covid-19.
No mês passado, a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) alertou os médicos contra a prescrição daquele químico, exceto em hospitais e estudos de pesquisa.
Num comunicado enviado nessa altura, a FDA sinalizou relatos de efeitos colaterais cardíacos, em algumas situações fatais, entre doentes com a covid-19 a quem fora administrada a hidroxicloroquina.
Nos Estados Unidos já se registaram mais de 1.100.000 casos de infeção, incluindo mais de 70.000 mortes.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 251 mil mortos e infetou quase 3,6 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.
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